Cultura & Lazer Titulo Gigantes em Pílulas
Ruy Castro encontra

Escritor participa de bate-papo no Sesc Santo André
como parte da exposição 'Gigantes em Pílulas'

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
26/08/2009 | 07:00
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Como todo bom carioca de criação, o escritor Ruy Castro está acostumado a trombar personalidades com frequência. "No Rio, as pessoas se esbarram o tempo todo e ninguém liga muito para isso", admite o mineiro de Caratinga. Apesar da natureza quase trivial de encontros com gente como João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Guimarães Rosa, Rubem Braga e Millôr Fernandes, são as particularidades das conversas com estes e outros grandes nomes que Castro aborda amanhã durante bate-papo no Sesc Santo André, dentro da programação da exposição "Gigantes em Pílulas".

Jornalista, Castro, 61 anos, conta que a maioria desses encontros tinha objetivos profissionais. "Mas continuaram em toda espécie de contextos", afirma. De Tom Jobim, por exemplo, Castro se tornou amigo próximo. "Ele já era o compositor brasileiro que tinha gravado um disco com o Frank Sinatra. Para se ter uma ideia do que era o Sinatra, multiplique os Beatles pelos Rolling Stones e depois multiplique de novo por dois."

Castro diz não ter havido deslumbre, nem da parte dele nem dos colegas. "Naquela época, nem o Tom sabia que era o Tom! E muitos dos outros eram tão jovens que não sonhavam ser aquilo que, no futuro, se tornariam. Eu achava a coisa mais normal do mundo conviver com eles. Entre outras coisas, porque eu era um deles", resume.

E Castro era mesmo da turma. Tanto que chegou a dividir o teto com personagens importantes da dramaturgia e da música brasileira, como Gilberto Gil, Gal Costa, Paulo Coelho, Zé Kéti, Paulinho da Viola... "Toda espécie de músico, escritor, jornalista, ator, boêmio, bebum, o que você quiser, todo mundo jovem, entre 1966 e 1971", simplifica.

A tal comunidade respondia pelo nome de Solar da Fossa, um casarão no bairro carioca de Botafogo, que funcionava em esquema de pensionato. "Era mais uma república, com cerca de 100 quartos, dois jardins internos e cerca de 200 moradores". Em tempo: o Solar da Fossa não existe mais. Foi demolido para a construção de um shopping.

BIOGRAFADOS - Ruy Castro não conheceu efetivamente Carmen Miranda (1909-1955), o que não quer dizer que ela teve menos impacto em sua trajetória. "Me lembro perfeitamente da morte dela, porque abalou profundamente meus pais. Meu pai, que morou na Lapa de 1929 a 1947, dizia que frequentava o auditório da Rádio Mayrink Veiga, onde ela cantava, e a viu se apresentar. Quisera eu ter conhecido a Carmen! Nem sei o que seria..."

Depois do lançamento de Carmen, lançado há quatro anos, Castro prometeu nunca mais escrever um livro do tipo. Como nas biografias de Nelson Rodrigues e Garrincha, que antecederam à da Pequena Notável, o mergulho foi intenso demais. "É o trabalho mais difícil e exaustivo que pode existir. O mais gostoso, também. Mas, para tudo, é preciso haver um tempo. Só vou me aventurar por outra se aparecer um personagem que me apaixone tanto quanto aqueles três", revela.

O fato de admirar os temas de seus livros não atrapalhou o trabalho, garante. "Dá para separar perfeitamente. Aliás, quanto mais fã - como eu era do Nelson Rodrigues, do Garrincha e da Carmen Miranda - mais quero descobrir histórias sobre ele, não importa quão terríveis", perdoa.

Gigantes em Pílulas Bate-papo com Ruy Guerra. Amanhã, às 20h. No Sesc Santo André (espaço de convivência) - Rua Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Entrada franca.




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