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Coronavírus pouco altera hábitos no Grande ABC

Serviços públicos, escolas e igrejas se mantêm em alerta, mas os moradores seguem suas rotinas

Bia Moço
Diário do Grande ABC
01/03/2020 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Brasil já tem dois casos confirmados, ambos em São Paulo, dezenas sob suspeita, governos federal, estadual e municipais em estado de alerta e implementando medidas de prevenção ao coronavírus (Covid-19). Apesar disso, moradores do Grande ABC se mostram quase indiferentes ao surto – que começou na China e se espalha por vários países – e mantêm suas rotinas.

A equipe do Diário percorreu ruas da região que registram movimento intenso de pessoas diariamente, casos da Coronel Oliveira Lima, em Santo André, e Marechal Deodoro, em São Bernardo, para saber como a população tem reagido em relação ao coronavírus. Moradores admitem que há preocupação de que o vírus se espalhe, mas afirmam que ainda não estão se prevenindo.

Moradora do Parque Novo Oratório, em Santo André, a consultora de negócios Priscila Ulisses Kostik, 34 anos, afirma que por trabalhar na Capital e depender do transporte público, receia o contágio. Entretanto, diz que não está tomando nenhum cuidado especial. “No Metrô as pessoas estão usando até máscaras. Por enquanto, até que tenhamos mais casos confirmados, não acho que seja necessário esse medo.”

A assistente de diretoria Roberta dos Anjos, 38, diz que procura ter o mesmo cuidado de sempre, usando álcool gel e lavando as mãos com frequência, mas ainda não acha que seja motivo para mobilizar a população. “A gente vê na imprensa cada hora um surto de uma coisa diferente. Se formos nos assustar com tudo, não saímos de casa”, desabafou a moradora do bairro dos Casa, em São Bernardo.

Já o locutor Eduardo Jakstas, 64, acredita que a doença ainda não é motivo de “pânico”. Morador da Capital, ele explica que não costuma usar álcool gel, mas não descarta a possibilidade. “Claro que a gente fica com receio, mas nada demais, por enquanto.”

Escolas, igrejas, comércios e serviços públicos estão sob alerta, mas ainda não adotaram nenhuma medida mais drástica. Presidente da Associação das Escolas Particulares do ABC, Oswana Fameli afirma que, por enquanto, a entidade tem passado apenas orientações às unidades e professores em relação aos cuidados e prevenções à doença.

Oswana acredita que, embora toda observação e cautela sejam necessárias, é preciso “não fazer alarde”. “A vida continua. Não podemos causar um susto nas famílias. Claro que, se houver necessidade, suspenderemos as aulas”, reforça a presidente.

O Sinpro-ABC (Sindicato dos Professores do Grande ABC) também está engajado na campanha de prevenção contra o coronavírus. Segundo a presidente Edilene Arjoni, a entidade prepara material com orientações aos professores. “Em 2009, por ocasião da epidemia de gripe A, houve recesso das escolas e as férias de julho foram prorrogadas por 15 dias, sendo repostas no fim de dezembro. Para este ano, ainda não temos nada na região, então ficaremos sob alerta. Caso preciso, tomaremos as medidas necessárias”, explica.

A Diocese de Santo André, responsável pelo Grande ABC, afirma que ainda avalia a necessidade de suspender as missas ou modificar tradições, como abraços e apertos de mão, para diminuir a possibilidade de contágio.

Questionadas, as prefeituras afirmaram não haver, por enquanto, necessidade de mudança na rotina dos serviços públicos, embora estejam sob alerta.

S.Paulo tem segundo caso confirmado

O governo do Estado notificou o Ministério da Saúde sobre a confirmação de mais um caso, importado, do novo coronavírus (Covid-19). O paciente, que estava na Itália, é um homem de 32 anos residente na Capital. O Grande ABC segue com um caso suspeito, em São Caetano.

O ministério considerou final os testes realizados pelo Hospital Israelita Albert Einstein – o exame específico para Sars-CoV2 (RT-PCR, pelo protocolo Charité), conforme preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) –, onde o paciente foi atendido no dia 28. A unidade de saúde deve encaminhar uma alíquota da amostra ao Instituto Adolfo Lutz, para monitoramento genético do vírus.

O paciente chegou em São Paulo dia 27 de fevereiro, de Milão, na região da Lombardia, norte da Itália, quando passou a ter os sintomas. Durante o voo ele usou máscara, acompanhado da mulher, que não apresentou sintoma.

No atendimento, foram relatados febre, dores musculares e de cabeça, tosse e dor de garganta. A orientação recebida pelo paciente foi a de isolamento domiciliar, já que ele possui quadro clínico leve e estável. O hospital adotou todas as medidas preventivas para transmissão por gotículas.

A investigação de pessoas que estavam próximas durante o voo e tenham entrado em contato com o paciente em outros locais está em curso por meio das secretarias estadual e a municipal da Saúde, em conjunto com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Este é o segundo caso confirmado no Estado, sendo que o outro paciente, um empresário paulista de 61 anos, também esteve na Itália. Familiares e passageiros do voo são monitorados.

De acordo com a pasta estadual, atualmente são 91 casos suspeitos. Houve inclusão de mais casos investigados, já que na sexta-feira eram 66.

Outros 10 notificados também foram descartados ontem no Estado – oito na Capital, um em Lorena e um em Bauru, no Interior. Porém, o de São Caetano, único em investigação do Grande ABC, continua na lista. A região chegou a registrar casos suspeitos em São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires, todos de pacientes que vieram da Itália, mas que foram descartados.

O Ministério da Saúde atualizou a base de dados e agora o País tem 207 casos suspeitos, dois confirmados e 79 descartados. São Paulo é o Estado com maior número de suspeitos, além dos dois confirmados.

Apesar da nova confirmação em São Paulo, o ministério afirmou que não há mudança da situação nacional, pois não existem evidências de circulação do vírus em território brasileiro. 




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