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Queda na exportação pressiona indústria da região

A balança comercial da indústria de 2008 não traz boas perspectivas para este ano aos empresários

Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
29/03/2009 | 07:00
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Apesar da leve alta no nível de atividade industrial de fevereiro apontando pelo INA (Indicador de Nível de Atividade), elaborado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), - 1,1% em fevereiro -, a balança comercial da indústria de 2008 não traz boas perspectivas para este ano.

Mesmo se considerando otimistas, empresários do setor industrial do Grande ABC não vêem possibilidades de uma retomada no crescimento econômico registrado em 2007.

Na região, as quatro diretorias locais do Ciesp (Centro das Indústrias do estado de São Paulo), ligadas à Fiesp, apontaram superávit na balança comercial da região, em 2008, de cerca de R$ 1,908 bilhão. O volume é considerado bom, mas houve queda de mais de 23% em relação à 2007, ano em que o saldo positivo da balança comercial do Grande ABC bateu nos R$ 2,481 bilhões.

A alta de atividade da indústria, que inclui a região, é o que anima os empresários locais. O INA da indústria paulista subiu 1,1% em fevereiro ante janeiro, com ajuste sazonal, segundo dados divulgados pela Fiesp. O nível de atividade cresceu 0,8% no mês, sem ajuste, e caiu 15,4% na comparação com fevereiro de 2008. O índice de utilização da capacidade instalada recuou para 75,9% em fevereiro, sem ajuste sazonal, ante 76,4% em janeiro.

Em âmbito estadual, a confiança dos empresários da indústria voltou ao patamar dos 50 pontos na segunda quinzena do mês de março, nível que não era atingido desde outubro do ano passado. O sensor subiu a 50,4 pontos nos últimos 15 dias do mês, ante 49 pontos na primeira quinzena de março. Na pesquisa, os 50 pontos indicam estabilidade. Resultados acima dessa marca são considerados otimistas, e abaixo, pessimistas.

Acumulado - A queda da atividade industrial no Estado foi tão intensa nos últimos meses do ano de 2008 que zerou os ganhos no resultado acumulado em 12 meses até fevereiro. A redução da atividade têm como causa o estancamento das exportações, ocasionado pelo aperto econômico em todo o mundo,  Com isso, o superávit comercial do Brasil recuou 38% em 2008, fechando o ano com US$ 24,7 bilhões. Em 2007, a diferença gerou ganhos da ordem de US$ 40 bilhões. Desse valor, o total exportado foi 23% superior aos resultado apresentado em 2007, mas as importações somaram US$ 173 bilhões, o que representa uma alta de 44% frente ao ano anterior.

Grande ABC registra perdas no superávit primário

Apesar da alta na confiança do empresário apurada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), industriais do Grande ABC não compartilham do otimismo. O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) apontou expressivo aumento das importações em 2008 frente a um tímido crescimento das exportações.

Em São Caetano, o aumento na entrada de produtos estrangeiros foi de 75%. Apesar da forte presença da indústria na região, entre os principais produtos comprados no mercado externo figuram os automóveis e partes, totalizando US$ 201 milhões em produtos importados. O recuo foi de 3% no superávit comercial.

Em São Bernardo, o maior avanço também foi das importações, que saltou 27% resultando em perdas de 11% no saldo da balança. O diretor titular do Ciesp do município, Mauro Miaguti, acredita que o desequílibrio na balança foi reflexo da baixa cotação do dólar durante o ano passado, o que fomentou a importação. "Os produtos importados acabaram saindo mais baratos do que os nacionais. Exemplo disso são os produtos trazidos da China e Índia". Para este ano, o diretor do Ciesp de São Bernardo acredita que no primeiro trimestre a exportação vai cair por conta da crise financeira internacional, gerando grande impacto.

Shotoko Yamamoto, diretor do Ciesp de Santo André, também destaca o forte fluxo de importações do começo de 2008, mas lembra que a dificuldade nas exportações vem justamente da escassez de crédito gerada pela crise. "Mesmo com a desvalorização do Real, a tendência é que haja uma queda ainda maior nas exportações". Nessa regional, o Ciesp apontou uma queda de 93% no superávit comercial, com um aumento de 44% nas importações.

Em Diadema, no entanto, apesar de as empresas terem sido atingidas pela crise nas montadoras, Donizete Duarte da Silva, vice diretor da regional do Ciesp, afirma que o saldo negativo é uma constante na balança comercial do município. "Importamos matéria-prima, trabalhamos o material e revendemos para montadoras, que por sua vez exportam. O superávit comercial não fica aqui", lembra. Apesar do saldo deficitário, as exportações cresceram 8% no comparativo entre 2008 e 2007. (Colaborou Tauana Marin)




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