Economia Titulo Crédito
Financiamento de veículos
cai 16% no Grande ABC

Retração no mês passado em relação a julho de 2013
é bem maior do que do País, onde recuo foi de 9,6%

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/08/2014 | 07:13
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


Apesar de melhora em relação ao mês anterior, os financiamentos de veículos no Grande ABC ainda registram em julho forte retração na comparação com igual mês de 2013, de acordo com números da Cetip, empresa que opera o SNG (Sistema Nacional de Gravames), base de dados das restrições financeiras de veículos utilizados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.

Foram financiadas na região, no mês passado, 14.624 unidades (de automóveis, picapes e utilitários, caminhões, ônibus e motocicletas), 6,4% mais que em junho, mas 16,1% menos que em julho do ano passado. Esses números, que abrangem novos e usados, mostram que os sete municípios estão com índices piores do que o restante do País. Em todo o mercado nacional, as vendas a prazo cresceram 16,3% em relação a junho, mas estão com recuo de 9,6% ante o sétimo mês de 2013.

Há diferenças significativas de performance do Grande ABC em comparação ao restante do País, principalmente quando se trata dos financiamentos de usados em julho em relação há um ano (variação negativa de 10,4% por aqui e recuo de 1,9% na média do setor brasileiro), e na recuperação dos novos nos últimos dois meses – nos sete municípios, alta de 3,3% e, no Brasil todo, crescimento de 15,5%.

De forma geral, os números apontam menor disposição dos consumidores da região a entrar em prestações, por causa da conjuntura de crise da indústria automotiva, em que as montadoras adotaram diversas estratégias para reduzir a produção (com férias coletivas, licença remunerada e suspensão temporária de contratos) e se ajustar à demanda fraca. Segundo o professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Rodolfo Oliva, nesse cenário, em que os trabalhadores ficam preocupados com a possibilidade de perder o emprego, “a primeira coisa (que se faz) é adiar a troca do carro”.

AJUDA - Medidas anunciadas pelo governo federal nesta semana para destravar o crédito no setor, entre as quais maior flexibilização do recolhimento compulsório (regra em que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central parte dos recursos captados de seus clientes) para injetar mais recursos na economia, e também a possibilidade de retomada do bem em caso de inadimplência, foram bem recebidas pelo mercado. No entanto, a avaliação no setor é de que seus efeitos vão demorar meses para serem sentidos.

Para o presidente do Sincodiv-SP (Sindicado das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos Automotores no Estado), Octávio Vallejo, esta última medida é “auspiciosa”, mas ainda dependerá de regulamentação e vai ser sentida só para novos contratos. “Deve ter efeito de longo prazo”, diz o professor da FIA.

O problema é que os juros nos financiamentos de veículos continuam subindo, assinala Julian Semple, da consultoria Carcon Automotive. Dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostram que a taxa passou de 1,78% para 1,83% ao mês em julho. Esse é o nível mais elevado desde junho de 2012.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;