A se confirmar a tendência colocada pelos discursos dos vereadores, o prefeito eleito de Mauá, Donisete Braga (PT), não enfrentará resistência da Câmara ao seu governo, que será iniciado em 1º de janeiro. A governabilidade do petista foi colocada em xeque porque apenas seis dos 23 parlamentares eleitos em 7 de outubro integraram a coligação do PT - outros três aderiram ao projeto no segundo turno. No entanto, a conjuntura detectada após o encerramento do pleito majoritário se mostra favorável ao próximo chefe do Executivo.

Pelo perfil da futura legislatura (2013 a 2016), Donisete não terá dificuldades em formar a maioria. Isso porque, além dos nove apoiadores garantidos, boa parte dos demais 14 vereadores eleitos está propensa a dar crédito à sua administração. Na prática, dependerá da abertura e da manutenção do diálogo do petista com os partidos.

Mesmo as legendas de oposição reconhecem que o trato com o eleito tende a ser mais maleável do que o ostentado atualmente com Oswaldo Dias (PT). Apesar das críticas que partem do plenário da Casa, o prefeito não enfrentou graves problemas para aprovar projetos. Na maior parte do governo, iniciado em 2009, apenas cinco dos 17 vereadores não compuseram a sustentação. Além disso, a minoria se divide entre oposicionistas e os que se dizem independentes, que transitam ora em um bloco, ora em outro.

RAIO X

Dos 14 parlamentares eleitos que se mantiveram neutros ou apoiaram Vanessa Damo (PMDB) no segundo turno, nove pertencem a partidos que dão base à gestão petista de Oswaldo Dias e que deverão manter o posicionamento no governo de Donisete Braga.

Neste bloco está inserido o PP, de Batoré. Mesmo crítico de Donisete, a quem acusa de não ter cumprido acordo eleitoral em 2010, o progressista já declarou que "não fará oposição oca".

Assim como o PP, o PDT, que elegeu três vereadores, chegou a ter papel de destaque na administração Oswaldo Dias, com Margaret Freire no comando da Secretaria de Educação. Pela relação, não fará oposição a Donisete. A mesma linha tende a ser seguida por PTB, PR, PSDC e PRB, que juntos elegeram cinco parlamentares.

Diante deste cenário, a oposição terá, no máximo, cinco representantes. Porém, o único nome certo no bloco é o de Manoel Lopes (DEM). Até Edgard Grecco, eleito pelo partido de Vanessa, o PMDB, admite chance de ser governista. No entanto, o mais provável é que ele e os outros dois peemedebistas eleitos (Sandra Vieira e Jair da Farmácia) reforcem o grupo contrário a Donisete na Câmara, assim como Jotão (PSDB).

Petista anuncia comissão de transição

Donisete Braga (PT) anuncia hoje os nomes que formarão a comissão que o representará no processo de transição de governos. O bloco, constituído de cinco integrantes, será o responsável por coletar dados e informações do Executivo junto à administração atual, de Oswaldo Dias (PT), que será representado por outro grupo.

Dos dois lados há a certeza de que a transição será conduzida tranquilamente. Diferentemente de cidades em que a oposição venceu a eleição, como em Santo André, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires, em Mauá o processo não será traumático. Até porque, além de o poder permanecer com o PT, muitos componentes da linha de frente da campanha de Donisete integraram o primeiro escalão de Oswaldo, como o vice-prefeito, Paulo Eugenio Pereira Júnior (Saúde), Edílson de Paula (Desenvolvimento Econômico e Trabalho e Renda) e José Afonso Pereira (Meio Ambiente) - todos deixaram os cargos para se empenhar na eleição.

"Já conversamos informalmente e me coloquei à disposição", afirma Oswaldo. O prefeito designou a chefe de Gabinete, Mariângela Secchi, e a secretária de Assuntos Jurídicos, Ana Paula Ribeiro Barbosa, para elaborar relatório dos projetos em andamento e das pendências financeiras a Donisete - a dívida total do Paço é estimada em R$ 1,5 bilhão, quase o dobro do Orçamento previsto para 2013, de R$ 794,2 milhões.