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Com Padilha, gasto de publicidade sobe 270%

Pré-candidato do PT em São Paulo herdou Pasta com R$ 51 mi em marketing e deixou com R$ 189 mi

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
30/03/2014 | 07:00
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Em três anos à frente do Ministério da Saúde, o pré-candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha, turbinou gastos publicitários da Pasta. Ao longo de 37 meses como ministro, o petista fez saltar em 270% o valor de contratos de propaganda – a maior alta foi em 2013, quando Padilha se articulou politicamente para virar o nome do PT na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.

Ele assumiu o departamento no início da gestão de Dilma Rousseff (PT), no dia 1º de janeiro de 2011. Herdou de José Gomes Temporão um ministério com planilha de R$ 51,3 milhões em acordos para divulgação de ações da Pasta. Entregou o setor para Arthur Chioro (PT), ex-secretário de Saúde de São Bernardo, tendo deslocado R$ 189,8 milhões anuais do Orçamento para dar publicidade ao setor.

O percentual está bem acima da inflação registrada no mesmo período. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), variou 14,37% entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2013 (quando deixou a cadeira para Chioro). Caso a inflação fosse aplicada na planilha de custos midiáticos da Pasta, o valor seria de R$ 58,7 milhões em 2013 – quantia três vezes menor do que a autorizada por Padilha no mesmo ano.

Ao longo dos três anos, Padilha só fez crescer os gastos publicitários do Ministério da Saúde. Em 2011, encerrou o ano com R$ 96,5 milhões despendidos em peças de marketing. No ano seguinte, foram R$ 147,1 milhões (veja arte completa acima). Em 37 meses, o petista destinou R$ 521,9 milhões em contratos de publicidade – envolvem acordos diretos com emissoras e custos de produção.

Os dados estão disponíveis no site do Ministério da Saúde. Até o início do mês, informações sobre convênios para divulgação das ações da Pasta não estavam acessíveis ao cidadão, em desconformidade com a legislação federal. Após denúncia do Diário, o erro foi reparado no portal oficial.

Em 2013, quando Padilha recebeu aval para ser pré-candidato do PT ao governo do Estado, foi registrado o maior volume de despesa publicitária da Pasta de Saúde. Os R$ 189,8 milhões em propaganda catapultaram a imagem do então ministro da Saúde, que naquele ano lançou o principal programa de sua gestão: o Mais Médicos.

De acordo com informações do Portal da Transparência do Ministério da Saúde, o Programa Mais Médicos recebeu R$ 36,9 milhões de recursos públicos para sua promoção. Foi o líder de gastos em mídia da Pasta, superando campanhas de prevenção à Aids e à dengue.

CHIORO

Em seu primeiro mês como ministro da Saúde, Chioro autorizou R$ 18,5 milhões em campanhas publicitárias. Foi a mesma quantia gasta por Padilha em seu último mês como ministro, em janeiro. Caso haja manutenção da média mensal de valores com contratos de propaganda, a Pasta irá despender R$ 221,8 milhões, recorde do ministério.

A legislação eleitoral, no entanto, não permite que órgãos públicos invistam em ano de eleição quantia superior à média dos três últimos anos. Neste caso, Chioro só poderia determinar o pagamento de R$ 144,5 milhões em ações de mídia do departamento, sob risco de impugnação da candidatura de Padilha em São Paulo.

Padilha tem colocado responsabilidade sobre os gastos para administração do ministério, que não se posicionou.




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