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Greve derruba em 74% o consignado dos aposentados na região

Os 12 dias de paralisações nos bancos em setembro
diminuíram liberações em R$ 63 milhões

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
02/11/2013 | 07:29
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DGABC


Doze dias. Esse foi o período de setembro que os bancários ficaram em greve. Suficiente para diminuir o total de empréstimos consignados para os aposentados e pensionistas da região em R$ 63 milhões.

Segundo dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o Grande ABC contratou R$ 83 milhões em empréstimos consignados em agosto. No mês seguinte, o órgão informou que os segurados da Previdência Social demandaram apenas R$ 20,9 milhões – 74% a menos.

“É resultado da greve dos bancários. Todo ano ocorre isso em setembro”, disse o especialista em Finanças e ex-economista chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) Roberto Luis Troster.

No ano passado, conforme destacou Troster, a greve também impactou os empréstimos consignados vinculados ao INSS. Mas a queda foi de 26,6%, tendo em vista que passou de R$ 64,7 milhões, em agosto, para R$ 45,5 milhões em setembro.

A diferença é que em 2012, a greve dos bancários durou nove dias, entre 18 e 26 de setembro. Portanto, três dias a menos do que neste ano – a paralisação em 2013 durou, ao todo, 23 dias, terminada em outubro. O resultado foi volume de contratações 54% menor em setembro do que no nono mês do ano passado.

Professor de Economia da FSA (Fundação Santo André), Volney Gouveia apresentou duas hipóteses que podem explicar o recuo no volume contratado. Uma delas é a interpretação das famílias em relação ao cenário econômico, que está desacelerado e, outra, à possível proximidade do esgotamento da capacidade de contratação do crédito. “Entendo que o PIB (Produto Interno Bruto) em marcha lenta também influencia a demanda do crédito”, disse Gouveia.

“A segunda tese, quanto ao esgotamento da base dos aposentados em contratar esses créditos, vejo que a base pode estar apresentando certa fadiga por já estar com a renda comprometida, muitas vezes com o mesmo tipo de operação”, analisou o professor da FSA.

Ele pontuou que a margem consignável de parcelas, que não ultrapassem 30% da renda líquida mensal do segurado, é um fator limitador da demanda.

CAMPANHA - Para forçar os bancos a ofertarem reajuste salarial e melhorias laborais, os bancários em todo o Brasil cruzaram os braços por 23 dias. Foi a segunda maior mobilização, em duração, da história. A mais extensa ocorreu em 2004, quando a categoria paralisou as atividades das agências por 30 dias.

No Grande ABC, a estratégia do Sindicato dos Bancários foi travar os serviços das unidades das instituições localizadas nos centros das cidades. Para a entidade, são essas as responsáveis pela maior movimentação financeira.

Na prática, agências fechadas são o mesmo que aposentados e pensionistas sem contratar crédito consignado. Apesar de existir a possibilidade de emprestar dinheiro por meio de cartão de crédito com desconto em folha, praticamente 99% do segurados fazem a operação padrão, com atendimento presencial nos bancos.

Por isso, no Brasil, o volume concedido também apresentou um decréscimo, como ocorreu na região. Dados do boletim de operações de crédito do BC (Banco Central) revelam que o montante consignado liberado em setembro foi 15% menor do que em agosto. Foram R$ 2,86 bilhões emprestados para desconto em folha de pagamento, contra R$ 3,38 bilhões em agosto.

ORIENTAÇÃO - Por se tratar de um empréstimo que tem as parcelas descontadas na folha do benefício, essa é a modalidade de consumo mais barata para os aposentados e pensionistas, com média de juros de 2,3% ao mês. Para se ter ideia, a taxa de empréstimo pessoal não consignado está em torno de 5,12% ao mês.

No entanto, avisa o educador financeiro e sócio-diretor da Mais Ativos, Álvaro Modernell, o consignado deve ser evitado como qualquer outro tipo de empréstimo. “Não se pode utilizá-lo como uma continuidade da renda. Crédito é bom, mas deve ser utilizado apenas quando necessário.”




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