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Mercados atraem ladrões
de carro em São Caetano

A PM afirma que metade de furtos de veículos
ocorreu em estacionamentos desses comércios

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
17/06/2013 | 07:00
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Denis Maciel


Levantamento feito pela Polícia Militar de São Caetano apontou que quase a metade dos 274 casos de furto de veículos ocorridos na cidade entre janeiro e abril deste ano, segundo as estatísticas criminais da SSP (Secretaria da Segurança Pública), aconteceu dentro de estacionamentos de supermercados.

Exatas 139 ocorrências desse tipo registradas na cidade aconteceram no local para paradas de carros de quatro estabelecimentos grandes do tipo. A preocupação maior da corporação e da Secretaria de Segurança Municipal, no entanto, está voltada para supermercado situado na Avenida dos Estados com a Rua Aquidaban, no bairro Fundação. São 99 registros no estacionamento do local, 17% do total de casos da cidade, segundo o levantamento feito pelo capitão Robinson Castropil, comandante da Polícia Militar da cidade.

Os dados são alarmantes, segundo o capitão. Até abril deste ano, além dos criminosos levarem os veículos foram registrados 39 furtos de estepes e outros objetos deixados dentro dos carros no estacionamento. Dois pontos considerados favoráveis para a ação criminosa, segundo Castropil, é a proximidade da loja com a Avenida dos Estados e a divisa com a Capital.

Além disso, a ausência de instrumentos de controle, como chancelas e câmeras, facilita a utilização do local para o “esfriamento”, como os criminosos chamam, de carros roubados. Ou seja, o veículo é deixado lá por alguns dias para constatar se não há rastreador ou outros instrumentos de segurança.

Em nota, a rede disse que ampliou a equipe de vigilância, incluindo rondas motorizadas pelo estacionamento, além de reforçar o número de câmeras, reformar as chancelas e colocar porteiros para fiscalizar a entrada e saída de veículos do local. A empresa disse ter havido queda no número de ocorrência durante maio, mas não divulgou os dados. Procurados, Apas (Associação Paulista de Supermercados) e Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano) não responderam ao Diário.

A Polícia Militar da cidade anunciou que se reunirá hoje com os responsáveis pelo sistema de segurança do supermercado no País para traçar metas conjuntas de atuação e fiscalização, já que a corporação não pode atuar dentro da loja.

Vítimas pedem atenção da polícia e de lojas para evitar os crimes
“É uma sensação difícil, mesmo passado tanto tempo do ocorrido.” A frase é seguida de um silêncio que incomoda e um olhar para a janela. Maria (nome fictício) não consegue esquecer aquela terça-feira de março quando teve seu Corsa preto roubado por dois homens armados, no estacionamento de um supermercado de São Caetano. “Acho bom que eles tenham olhado para isso e prometam atuar em cima, pois o trauma é grande”, completou.

Para ela, a sensação foi de solidão. “Era por volta das 19h30, eu estava colocando as sacolas no banco de trás com meu filho quando eles chegaram, apontaram o revólver e pediram para eu ficar quieta. Olhei para o lado e não vi ninguém. Demorei uns dez minutos, ficando ali parada junto do meu filho, até decidir pedir ajuda.” Como reação sua ao caso, até hoje Maria não consegue mais ir a grandes supermercados durante o dia. Prefiro ir no mercadinho do meu bairro, a pé.”

A situação foi a mesma vivida por Valter, 52 anos, no dia 8 de junho. Ele estava próximo do carro em uma loja atacadista da cidade quando uma quadrilha do Heliópolis, bairro vizinho na Zona Sul da Capital, anunciou o assalto e trocou tiros com o segurança. “Uma das balas atingiu meu para-brisa. E se eu tivesse dentro? Estaria morto”, disse. “Não que pense em processar a loja, mas a ação foi muito rápida e pelo que eu vi só tinha um segurança cuidando do local na hora do fechamento de caixa. Pouco, precisa de mais se a polícia atesta que há uma onda de crimes”, opinou. 

PM e Prefeitura se unem para mapear crime
A percepção que há uma concentração de furtos no estacionamento do supermercado de São Caetano foi possível graças às RACs (Reuniões de Análises Críticas), realizadas semanalmente desde maio entre Polícia Militar e Secretaria de Segurança Municipal da cidade, para avaliar as ocorrências registradas e, assim, traças metas de patrulha vigilância.

O secretário José Quesada, Robinson Castropil, e representantes da GCM (Guarda Civil Municipal) se encontram toda terça-feira para fazer um balanço dos crimes registrados no sistema do Estado e assim determinar onde haverá maior incidência de policiais e guardas. “E o resultado está sendo amplamente favorável”, destacou Castropil. “Não podemos mais pensar em Segurança pública como um dever único do Estado.”

“Temos que ajudar”, disse Quesada. “Se tivermos menos ocorrências acontecendo, sobrará mais tempo para a polícia fazer a parte ostensiva. E a tendência é o número de ocorrências diminuir.” Os resultados, no entanto, já apareceram. São Caetano reduziu em 17% os números de ocorrências registradas nas delegacias da cidade de janeiro a maio em comparação ao mesmo período em 2012. Está há três anos sem latrocínio e oito meses sem homicídio, crimes que atualmente mais preocupam o governo estadual.

O foco no furto de veículos foi escolhido justamente por ser a modalidade criminal que mais preocupa. Houve aumento de 9,2% no mesmo período. Os roubos a autos, na comparação entre os meses do ano passado e 2012, também mostraram crescimento, de 5%. “Esses encontros servem justamente para podemos atuar onde o crime está acontecendo dentro de um município de 15 quilômetros quadrados”, disse Quesada. 




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