Sem a presença de lideranças nacionais do PT, a Prefeitura de Santo André lembrou nesta sexta, em ato religioso na parte externa da Capela do Cemitério Assunção, os quatro anos da morte do prefeito Celso Daniel. A cerimônia abriu o Dia Municipal de Combate à Violência Urbana, comemorado anualmente no município em memória ao petista.

Estiveram no ato, celebrado pelo padre Vanderlei Ribeiro, coordenador da Região Central da Diocese de Santo André; o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho; o deputado estadual Vanderlei Siraque, secretários municipais, diretores de autarquias, vereadores e amigos de Celso Daniel. A sua namorada, Ivone Santana, também acompanhou a homenagem, mas ficou distante das autoridades. Ela deixou o local sem dar entrevistas.

O vereador José Montoro Filho, o Montorinho, não escondeu a decepção com a ausência de lideranças nacionais do PT no ato religioso. "Talvez a convocação extraordinária do Congresso tenha atrapalhado", disse o parlamentar ao lembrar que a Prefeitura havia convidado petistas históricos, como Gilberto Carvalho, assessor do presidente Lula.

O prefeito João Avamileno disse que a segurança era uma das prioridades da gestão de Celso Daniel. O atual chefe do Executivo lembrou que na campanha de 2000, quando Celso Daniel foi reeleito, o combate à violência foi um dos temas que discutiram na campanha. Na ocasião, recordou, um amigo próximo e um parente foram assassinados, o que sensibilizou Celso Daniel. "Ele comentou comigo que investiria mais na segurança". Ao final da cerimônia, Avamileno depositou flores no túmulo de Celso Daniel ao lado da primeira-dama, Ana Maria Avamileno.

Ao se dirigir aos presentes, o padre destacou a importância da mobilização da sociedade para combater a violência nas cidades. "Ainda que o mundo seja violento, é preciso incentivar as pessoas a viver cada vez mais em paz", pregou.

Mercadante – Durante o evento lideranças do PT da região reagiram com indignação às críticas do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ao partido, em discurso na tribuna do Senado, quinta-feira. Segundo ACM, o PT estaria envolvido na morte de Celso Daniel. Ele fez a colocação em bate-boca com o senador Aloisio Mercadante (PT-SP). "Ele não tem ética e moral para atacar o PT. Sua figura de coronel (da política) não merece resposta ", declarou o petista. Ao explicar sua posição, Vicentinho reconheceu que "há dúvidas" sobre o assassinato e que seria correto continuar a investigação.

Tragédia – Em 20 de janeiro de 2002 Celso Daniel foi encontrado morto, em Juquitiba, Região Metropolitana de São Paulo. com oito tiros no rosto e tórax. Dois dias antes ele havia sido seqüestrado depois de jantar com o amigo e empresário Sérgio Gomes da Silva. A Blazer dirigida pelo empresário foi abordada por volta de 23h30, na rua Antônio Bezerra, Vila das Mercês, Ipiranga.

O inquérito do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) investigou o caso e concluiu que o prefeito foi vítima de um crime comum. Seis integrantes da quadrilha da favela Pantanal, em Diadema, entre eles, o líder, Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, foram denunciados. O menor L.S.N, o Lalo, teria atirado no prefeito. Ele foi internado na Febem e estaria foragido desde o fim de julho.

Os irmãos de Celso, Bruno e João Francisco Daniel, afirmaram ao MP (Ministério Público) que ele foi assassinado por ter descoberto um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André. O DHPP reabriu o inquérito a pedido do MP. Os promotores denunciaram Sérgio Gomes como mandante do crime. A denúncia foi acatada pela Justiça em dezembro de 2003. Com prisão preventiva decretada, o empresário se entregou à polícia, mas foi solto em junho de 2004 por força de liminar.