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Ação além dos sonhos
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06/08/2010 | 07:01
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Christopher Nolan é hoje a melhor prova de que existe vida inteligente em Hollywood. Ele investiga o universo da mente em A Origem, que estreia hoje em oito salas nos cinemas do Grande ABC. O filme é sobre um ladrão de sonhos contratado para plantar uma ideia no inconsciente de um homem.

Cinéfilo de carteirinha lembra-se da cena de Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008) em que Batman e Coringa ficam invertidos, mas Nolan filma de um jeito como se estivessem frente a frente, naquele andaime. O diretor já vinha invertendo códigos desde Amnésia (2000), onde contou sua história de trás para a frente, e Insônia (2002), onde transformou em pura luz a natureza sombria do filme noir.

O artista volta agora na arquitetura dos sonhos de A Origem. Para roubar uma ideia é preciso fazer uma pessoa sonhar com ela. O sonho tem de ser cuidadosamente planejado e executado. Exige um arquiteto e um conjunto de profissionais para colocar o processo em marcha.

Roubar sonhos não é uma atividade solitária, mas de grupo. Leonardo DiCaprio pode ser o chamariz de elenco do longa, mas a dramaturgia do filme refere-se ao grupo. Os sonhos de DiCaprio têm até uma mulher fatal, interpretada por Marion Cotillard. Ela morreu, mas vive invadindo os sonhos do ex-marido. Ele quer manter os momentos que tiveram no passado, mas Marion transforma-se num vírus perigoso, que o impede de reencontrar os filhos.

A Origem é, no limite, uma ficção científica, mas, como diz o próprio Nolan, o que lhe importa não é a ciência, mas o humano. O filme tem 400 planos digitalizados contra os cerca de 2.000 que Nolan afirma serem normais numa produção deste porte.

O desafio de Nolan é radicalizar o conceito de cinema de autor no blockbuster. A produção é rica em referências e subtextos. Você não precisa deles para viajar na poderosa carga emocional deste novo marco do cinemão de autor.




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