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Máquina do futuro

É assim que, por meio de uma ação publicitária, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem chamado as urnas eletrônicas

Por Carlos Ferrari
27/10/2010 | 00:00
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É assim que, por meio de uma ação publicitária, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem chamado as urnas eletrônicas, equipamento pelo qual manifestaremos nossa vontade política domingo. Nós, os cegos, podemos afirmar que essa é, sem dúvidas, uma conquista do presente. Nos últimos 16 anos a tecnologia para o aprimoramento da acessibilidade nas eleições tem sido marcada por avanços significativos e, hoje, todo brasileiro ao votar toca em uma tecla com a sinalização em Braille.

A comunicação sonora provida via fone de ouvido conectado na urna na hora do voto também foi mais uma revolução, nos permitindo total autonomia e certeza de que todo o processo se deu sem erros de operação. Lembro bem das guias em Braille para cédulas de papel. Tratava-se de um gabarito, algo como uma máscara, preparada para se colocar em cima da cédula, permitindo aos eleitores cegos saberem quem estava nos quadradinhos para assim poder votar.

Há pouco tempo, menos de duas décadas, íamos a locais específicos, o que era indicado para que pessoas com deficiência pudessem votar com total tranquilidade. Não dá para negar que se tratava, às vezes, de uma situação bacana. Encontrávamos amigos de há muito e a festa democrática tinha o seu brilho guardada às limitações tecnológicas e culturais do momento.

Hoje voto perto de casa e os pretextos e oportunidades para encontrar os amigos são outros bem mais legítimos e agradáveis. A eleição tem sido uma prova clara de que o desenho universal pode ser algo promovido sem que alguém tenha qualquer perda ou dano.

Nesta corrente, o Brasil que ainda não entende a importância das associações e movimentos, um País que muitas vezes ainda insiste em questionar a exequibilidade da garantia de direitos, a cada eleição vive uma aula prática de exercício da cidadania.

Nesse texto então não entro no mérito de qual cor possa ser melhor para a Pátria, vermelho ou azul. Celebro aqui o fato de que ambos podem se posicionar livremente apresentando suas propostas e muitas vezes questionando os opositores. Muito menos permito-me tratar da questão de gênero. Neste sentido a realidade fala por si só, e quem sempre ganha é a Pátria Mãe Gentil.

Caminhamos a passos largos para nos consolidar enquanto democracia é referência para todo o planeta. Celebrar essa situação e fazer desse texto um meio de multiplicação dessa certeza é hoje o maior objetivo desta coluna. Quem já comprou um congelado ou remédio com embalagem em Braille se diverte tocando os pontinhos e percebe ali um novo segmento sendo contemplado.

Nas urnas o fenômeno se repete e para quem ainda não prestou atenção, fica o convite. Domingo, ao digitar qualquer que seja o número, todos os brasileiros poderão voltar orgulhosos para casa por ter operado um equipamento acessível, preparado para qualquer cidadão independente de sua limitação.




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