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Cresce a inadimplência nas compras de carros a prazo
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
06/10/2011 | 07:06
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A inadimplência no financiamento de veículos vem crescendo e, em agosto, chegou a 4,2% nessa área. O índice (referente a atrasos de mais de 90 dias) é um ponto percentual mais alto do que no mesmo mês de 2010, e 1,7 ponto acima de dezembro, quando estava em 2,5% do saldo da carteira de crédito para o segmento.

Os dados foram divulgados ontem pela Associação Nacional das Financeiras de Montadoras. De acordo com o presidente da associação, Décio Carbonari de Almeida, a maior dificuldade do consumidor em honrar as prestações é consequência do aumento da inflação e também das medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central.

Em relação à taxa inflacionária, o dirigente assinala que a população de renda mais baixa tem sua capacidade de consumo afetada muito rapidamente. Somado a isso, as ações do BC, que elevou no fim do ano elevou as exigências de garantias para os bancos fazerem financiamentos, incluindo o crédito consignado. Dessa forma, muitas pessoas que utilizavam o empréstimo com desconto em folha para honrar parte dos compromissos tiveram mais dificuldade de fazê-lo.

Almeida assinala que, com a queda da taxa básica de juros (a Selic) - que caiu de 12,5% para 12% em agosto - e a perspectiva de novas diminuições da Selic, pelo Banco Central, a tendência seria que os juros na ponta, ao consumidor, também diminuíssem.

No entanto, como a inadimplência está subindo, isso pressiona para cima as taxas do financiamento, por causa do aumento do risco de não recebimento dos valores por parte dos bancos. Ele acrescenta que será difícil prever o comportamento dos juros, que vai depender de os atrasos nos pagamentos não crescerem.

DESACELERAÇÃO - O saldo total de crédito para aquisição de veículos alcançou em agosto a marca de R$ 197,4 bilhões, apontou a Anef. Apesar do crescimento de 14,7% frente a igual período do ano passado, o ritmo de expansão tem diminuído. Em fevereiro, a alta era de 18,5%.

A desaceleração também se deve às medidas do Banco Central para conter a disparada da inflação. A projeção da entidade é que, mantido o cenário atual, a carteira de financiamento cresça 10% em 2011.

Almeida cita que prestações que giravam em R$ 500, subiram para R$ 600, e como os bancos exigem que a prestação corresponda a 25% da renda mensal, quem ganha de R$ 2.000 até R$ 2.400 ficou excluído do mercado.

FROTAS - Por sua vez, subiram as vendas das montadoras para frotistas. Em 2010, um quarto dos veículos novos comercializados ia para empresas renovarem suas frotas. Atualmente, passou a ser um terço do total. Com isso, também cresceram os negócios pagos à vista (chegou a 40%), o que é ruim para o setor financeiro. "A pessoa física financia 63% de suas compras; na pessoa jurídica, metade é paga à vista", afirma Almeida.

 




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