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No Grande ABC, testagem reduziu 56,8% desde julho

Prefeituras justificam que foco atualmente está em grupos específicos, como a comunidade escolar

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
16/10/2020 | 00:01
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No Grande ABC, a quantidade de testes aplicados para detecção da Covid-19 caiu 56,8% de julho a setembro, passando de 90.801 para 39.229 exames. Entre as sete cidades, só Santo André apresentou aumento da testagem no período, saltando de 14.347 para 17.016 análises – veja dados por cidade na arte abaixo. Os dados são do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e foram levantados pelo Diário.

No mesmo período, o número mensal de diagnósticos positivos caiu 51,9% na região, de 19.257 para 9.267, conforme informações dos boletins epidemiológicos divulgados pelas prefeituras. Segundo Paulo Rezende, infectologista e diretor do Hospital Santa Clara, na Capital, todo o País teve platô na quantidade de casos por seis meses, porém, a estabilização ocorreu em índices altos. “A queda dos números (de testes)  ocorreu logo em setembro, quando já tínhamos a curva descendente visível”, explicou.

O especialista destacou que, neste momento da pandemia, os recursos financeiros começam a ser direcionados para promover o isolamento seletivo. “Atualmente, a preocupação é voltar as escolas. Testar grande parte da população faz sentido no início (da pandemia), agora, (a prefeitura) testa por grupos de interesse, que são as crianças e os professores. É a própria demanda, até porque, o gasto com isso é alto”, exemplificou.

De fato, a Prefeitura de Santo André está testando alunos e professores das redes municipal e privada para avaliar o percentual da comunidade escolar infectada. A meta é examinar por amostragem os 5.000 funcionários. Posteriormente, estudantes e docentes da rede estadual também serão avaliados. 

Já em São Caetano, a administração concluiu, após inquérito, que só 4,5% dos profissionais e alunos tiveram contato com o novo coronavírus, acarretando no adiamento do retorno presencial às aulas para 2021.

No entanto, a possibilidade de aumento na testagem não está descartada. Rezende apontou que caso a quantidade de infectados volte a subir, como acontece na Europa, em países como França, Portugal e Alemanha, a população deve voltar a ser testada em massa. “Se voltarmos a ter aumento significativo, pode ser necessário estudo mais amplo para saber quem precisa se manter em isolamento e quem está imune, mesmo que temporariamente”, disse.

A administração andreense assinalou que o mapeamento dos infectados por meio dos programas de testagem é realizado do ponto de vista sanitário e de reabertura, a partir do avanço da cidade conforme as etapas do Plano São Paulo. Em São Bernardo, o Paço afirmou que manteve média estável de testagem, com aumento em julho, quando houve pico da pandemia.

A Prefeitura de São Caetano informou que, no decorrer dos meses, houve redução no número de casos de síndrome gripal e aumento na quantidade de pessoas que realizaram os exames nos programas de testagem, assim, a demanda por testes caiu.

Diadema diz que os dados do TCE estão desatualizados e, considerando o balanço mais recente, foram realizados 8.949, 6.793 e 7.733 em julho, agosto e setembro, respectivamente. Importante ressaltar que os dados do TCE levam em conta informações fornecidas pelas próprias prefeituras. 

Em Ribeirão Pires, a Prefeitura informou que o volume de testes varia conforme a procura de pacientes que se enquadram no perfil estabelecido pelo Ministério da Saúde. “O município está recebendo mais testes e deverá reforçar a testagem nos próximos dias”, completou a nota.

Mauá admite erro no envio de informações ao TCE

A quantidade de testes realizados pela Prefeitura de Mauá está divergente no TCE (Tribunal de Contas do Estado). A plataforma, que compila a prestação de contas das administrações no enfretamento da Covid, indica oscilação anormal no número de testes entre os meses: 943 em maio, 1.554 em junho, 18.842 em julho, 5.871 em agosto e 53,5 mil em setembro. Contudo, se tratam de dados acumulativos, ou seja, não deveriam reduzir. 

A administração, chefiada pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB), explicou que “os números informados pelo TCE não estão em consonância com os números oficiais da Prefeitura e iremos comunicá-los, por meio de ofício, para realinharmos esses quantitativos”.

O TCE ressaltou que os dados compilados são baseados nas informações enviadas pela Prefeitura de Mauá mensalmente. “Caso tenha havido erro por parte da Prefeitura, as informações serão corrigidas na atualização do mês seguinte”, completou a nota.

POLÊMICAS

Esta não é a primeira vez que a gestão da pandemia pela Prefeitura de Mauá gera polêmicas. Em junho, o hospital de campanha foi alvo de operação do Ministério Público sob suspeita de irregularidades no contrato firmado com a Atlantic – Transparência e Apoio à Saúde Pública para administração do equipamento. 

Mesmo hospital de campanha foi desmontado em agosto, em meio à alta no número de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus. No entanto, até ontem, a administração não informava em seu boletim epidemiológico o total de casos confirmados no equipamento temporário, assim, é divulgado que a cidade registra 5.723 casos e 9.210 recuperados – 5.404 na rede convencional e 3.806 no hospital de campanha.

Colaborou Aline Melo




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