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Fã de música acumula mais de 2.000 discos

Com influência dos pais, são-bernardense iniciou a coleção com dois LPs datados de 1967

Por Vinícius Castelli
do Diário do Grande ABC
21/06/2020 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Muitos encontram prazer na degustação de um prato e sua explosão de sabores, outros ao abrir uma boa garrafa de vinho, por exemplo. Para Cesar Guisser, 64 anos, de São Bernardo, a essas sugestões pode se incluir o ato de sentar-se em frente a uma vitrola, tirar um disco de vinil de sua capa e esperar que a agulha faça seu trabalho, com calma e atenção.

Não à toa, o funcionário público é dono de farta coleção que conta com mais de 2.000 LPs (Long Plays). Entre seus primeiros exemplares estão Coração de Papel, de Sérgio Reis, e More Of The Monkees, segundo título do grupo pop rock norte-americano The Monkees, ambos de 1967 e conquistados na mesma década, quando tinha cerca de 12 anos. E ainda os tem guardados.

Naquela época, Guisser nem pensava em se tornar colecionador. A ideia de juntar LPs só veio depois que participou da primeira edição da Feira Livre do Vinil, em 2004, realizada em Santo André e da qual é um dos organizadores.

A paixão de Guisser pela música veio de família. “Sempre ouvi de tudo. Meu pai (Romildo) curtia o pessoal da Velha Guarda (Nelson Gonçalves, Francisco Alves) e música clássica. Minha mãe (Dirce), o programa do Silvio Santos no rádio, os bregas da época e Jovem Guarda (Wanderléa e Erasmo Carlos)”, recorda.

Depois que começou a trabalhar, em 1978, em agência bancária, Guisser passou a comprar ao menos um LP por mês. E, mesmo com gosto plural, sua queda é pelos gêneros hard rock e progressivo, tanto que é fã dos grupos Genesis, de quem pretende conseguir as 16 versões de capa do disco de estreia, e do quase desconhecido grupo norte-americano Goodthunder, de quem possui três versões do único álbum do conjunto.

Entre as curiosidades de sua coleção ele aponta um do Lulu Santos chamado Tudo Azul. “Além das músicas, há outro disco em que o artista explica como fez as canções. Levei a um show para ele autografar e ele me confessou que não sabia que aquele disco existia”, revela.

Outra curiosidade é um EP (Extended play, ou Reprodução Prolongada, em português) do conjunto Legião Urbana, que conta com a canção Faroeste Caboclo, mas com letra alternativa. “Eles gravaram de novo para tocar no rádio, e a capa tem a letra modificada com o carimbo de liberação pela censura (da Ditadura Militar)”, explica. Há também um disco em formato compacto do The Beatles. Guisser conta que pagou R$ 3 e depois viu sendo vendido por cerca de 500 Euros.

Um dos discos que mais deu trabalho para achar foi Goodbye Yellow Brick Road, do cantor Elton John, edição com capa tripla e vinil duplo na cor amarela. O mais raro de sua coleção é o primeiro do grupo britânico Uriah Heep. “Capa dupla, primeira prensagem inglesa. Achei sem querer em um sebo na Lapa (São Paulo), e tão barato que nem acreditei”, lembra. Já o mais caro ele acredita ser o Build Up, da cantora paulistana Rita Lee. “Na época em que comprei valia R$ 700, hoje já vi por R$ 400.”

Guisser sempre arruma tempo na agenda para escutar ao menos um disco por dia e já aproveita para limpar os exemplares. Ele, aliás, desenvolveu um produto próprio para higiene das peças, chamado vinylimpo e passou até a comercializá-lo. Para ele, estar com seus discos é algo terapêutico. “Quando quero relaxar ouço os progressivos e quando preciso de força para reagir, os hard rocks”, encerra.




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