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Apenas 4,76% dos idosos fizeram densitometria óssea
Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
20/10/2019 | 07:27
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Denis Maciel/DGABC


Números do DataSUS – banco de dados do Ministério da Saúde – e da Fundação Seade mostram que é pequena a proporção de idosos que realiza o exame de densitometria óssea pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na região. O procedimento é utilizado para diagnosticar a osteoporose, doença crônica que atinge cerca de 15% da população com mais de 40 anos (pelo menos 158 mil pessoas no Grande ABC). A recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) é que mulheres a partir dos 65 anos e homens a partir dos 70 devem realizar o exame. No Grande ABC, em 2018, apenas 6,35% das mulheres e 0,90% dos homens na faixa etária foram submetidos ao procedimento. No total, dos 208,5 mil que se enquadram nessa faixa etária, só 4,76%, ou 9.930, se submeteram ao diagnóstico.

A dona de casa de Santo André Maria Bajak Rodrigues, 84, diagnosticou a doença aos 69. Fortes dores nas juntas revelaram a osteoporose, que vem sendo tratada com vitamina D e ingestão de cálcio. Uma queda, há um ano e meio, resultou no deslocamento do ombro e na consequente perda de movimento das pernas. “Ela usava andador e depois ficou com medo”, explicou a filha Paulina Rodrigues, 48, professora.

O engenheiro aposentado de São Bernardo Ivan Baruque, 79, nunca realizou o exame, apesar de fazer acompanhamento com nefrologista. “Nunca pensei sobre isso, mas claro que a partir de uma determinada idade o camarada perde massa óssea. Vou pedir para meu médico na próxima consulta”, ponderou. Desenhista aposentado de Ribeirão Pires, Pedro Manoel Cordeiro, 72, também nunca fez o exame. “Falta informação sobre a doença”, pontuou.

Endocrinologista do HC (Hospital das Clínicas) da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) e diretor da Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo), Bruno Ferraz de Souza explicou que, para pacientes com fatores de risco para lesões, como casos em que um dos pais teve fratura de fêmur ou quadril ou uso contínuo de corticóides, entre outros, a idade recomendada para o exame é a partir de 50 anos. Segundo o médico, a osteoporose é uma doença silenciosa e o diagnóstico precoce é essencial para preservação da qualidade de vida.

Souza destacou que, a partir dos 30 anos, todas as pessoas passam a perder massa óssea. Alimentação rica em cálcio – presente principalmente em leite e derivados lácteos – e a prática de musculação estão entre as medidas que podem garantir boa qualidade e quantidade dos ossos. Tomar sol por 15 minutos com grandes áreas do corpo descobertas é essencial para a produção de vitamina D, que vai fazer com que o organismo absorva mais o cálcio. Hábitos como tabagismo e ingestão de álcool devem ser eliminados.

“Muitas pessoas só descobrem a doença quando há alguma fratura. Evitar as quedas e, por consequência, a quebra de ossos, é parte essencial do tratamento”, destacou o especialista. Cerca de 15% a 20% das fraturas em decorrência da osteoporose evoluem para óbito. “Os dados globais mostram que a queda é mais grave para homens, que ficam mais debilitados e morrem com mais frequência do que as mulheres, apesar de não haver explicação clara para isso”, completou. De cada dez pacientes diagnosticados com osteoporose, nove são mulheres. “Isso criou estigma que é uma doença de mulheres. Elas estão mais suscetíveis por conta da menopausa e da falta do estrógeno, mas também são mais diagnosticadas porque têm mais o hábito de ir ao médico.”


Diadema e Ribeirão Pires têm fila de espera pelo exame

Apesar de ser pequena a proporção de idosos que realiza o exame de densitometria óssea no Grande ABC, apenas as prefeituras de Diadema e Ribeirão Pires informaram que têm fila de espera para o procedimento médico.

Em Diadema, os atendimentos são feitos em serviços da rede estadual e, segundo a Prefeitura, a oferta é compatível com a demanda e a fila de espera é reduzida. Em Ribeirão Pires, 600 pessoas, todas mulheres, aguardam pela realização do exame, que é feito em unidades de referência do Estado – AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Barradas, no Heliópolis, Capital, AME Santo André e Hospital Mário Covas.

Em Santo André, os pacientes são encaminhados para o Centro Radiológico Andreense, Casa da Esperança, AME Santo André, AME Barradas e Hospital Mário Covas. O prazo médio de espera para realização é de 30 dias e, segundo a administração, não há demanda em fila de espera.

São Bernardo oferta o exame em sua rede própria e, atualmente, o prazo médio para realização do procedimento é de 15 dias, sem fila de espera. Mauá não mencionou o tempo de espera nem se há munícipes aguardando agendamento, apenas que são realizados, em média, 63 atendimentos mensais relacionados à osteoporose.

São Caetano e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento desta edição.


Evento marca o Dia Mundial da Osteoporose

Neste domingo, 20 de outubro, é comemorado o Dia Mundial e Nacional da Osteoporose. Para marcar a data, médicos da Abrasso (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo) realizarão, gratuitamente, na estação Paraíso do Metrô, na Capital, teste de calcâneo (exame que avalia a massa óssea por meio de uma ultrassonometria do calcanhar para identificar a osteoporose) e Frax (Ferramenta de Avaliação de Risco de Fratura), que permite estimar a probabilidade de fraturas ósseas nos próximos dez anos. O evento será realizado das 9h às 14h.

O reumatologista e presidente da Abrasso, Charlles Heldan, explicou que a pessoa com osteoporose sofre fraturas em condições em que o osso normal não quebraria. “Pode ser uma queda da própria altura ou até o simples abraço de um neto. Isso porque os ossos e sua resistência ficam sensivelmente diminuídos. Agora, se a pessoa descobre antes de ter a fratura, por meio da densitometria, ela pode tratar, fortalecer os ossos e evitar a queda”, pontuou.

O médico destacou que é importante cuidar do osso desde cedo. “A criança que fizer atividade física regularmente e tiver dieta rica em cálcio e proteína construirá ossos fortes. Ainda assim, na fase adulta, o melhor remédio é a prevenção. É fazer o exame e, se tiver a doença, descobrir antes de cair”, concluiu.
 




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