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Metade das vagas do Mais Médicos foi reposta em UBSs da região

Dos 77 postos de trabalho disponíveis, 44 estão ocupados; Santo André teve uma desistência

Aline Melo
16/12/2018 | 07:01
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Denis Maciel/DGABC


Quase um mês após a saída dos profissionais cubanos do Programa Mais Médicos, pouco mais da metade das vagas disponibilizadas pela União por meio de edital foram repostas na região. De acordo com balanço das prefeituras, 44 médicos brasileiros começaram a atuar nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do Grande ABC, o que representa que 57% dos 77 postos foram efetivamente preenchidos. 

As cidades – exceto São Caetano e Rio Grande da Serra – ainda aguardam que 32 médicos inscritos no programa federal se apresentem e iniciem o trabalho. Apenas Santo André registrou a desistência de um profissional que havia optado pelo município. Nas demais localidades, todas as vagas já foram escolhidas. O governo federal adiou até terça-feira o prazo para que inscritos na primeira fase de seleção do programa se apresentem nas cidades.

Santo André tem 18 vagas e, entre os profissionais inscritos, um desistiu e outros 12 já atuam na rede municipal. Em São Bernardo, que tem 17 postos, 15 médicos já se apresentaram e estão trabalhando. Mauá, cidade que conta com 33 posições – o maior número da região –, recebeu 15 profissionais, dos quais 14 já estão alocados nas UBSs. Diadema tem duas vagas e os clínicos já atuam na rede. Em Ribeirão Pires, do sete inscritos, apenas dois se apresentaram, sendo que um já está trabalhando, e outro começa amanhã. Rio Grande da Serra, que já contou com dez médicos do programa, ainda não tem oportunidades abertas, pois aguarda credenciamento das equipes de Saúde da Família pelo Ministério da Saúde. 

DIFICULDADES

A população de Mauá, cidade com o maior número de vagas no Programa Mais Médicos, enfrenta problemas para conseguir atendimento, mesmo após a reposição de 14 profissionais. Segundo informações apuradas pela equipe do Diário, na UBS Zaíra 2, as cinco equipes de Saúde da Família – que contam ainda com enfermeiros, auxiliares de enfermagens e agentes comunitários –, estão sem médicos. A unidade conta com outros três profissionais que não fazem parte da ESF (Estratégia Saúde da Família). Conforme relatos de colaboradores, consultas estão sendo desmarcadas e novos agendamentos só voltarão a ser feitos em fevereiro. 

Na UBS Zaíra III, onde dois novos médicos já se apresentaram e outros dois ainda são aguardados, a dona de casa Geraldina da Silva, 37 anos, tentava remarcar a consulta da filha Isabella, 1, que estava agendada para 21 de novembro, data em que os cubanos deixaram as cidades. “Me mandaram voltar só no fim de janeiro, lamentou.” A cozinheira Claudia Michele Lucas, 34, também terá de aguardar mais pelas consultas dela e da filha, Heloísa, 3. “Íamos passar no início do mês, agora não tem previsão.”

Na UBS Feital, que deve receber novo profissional hoje, as consultas só voltarão a ser agendadas em fevereiro. A dona de casa Dafne Oliveira, 24, explicou que mesmo antes da saída dos médicos, já encontrava dificuldades para agendar consultas. “Estou desde março tentando, que foi quando mudei de bairro e me transferi para essa unidade. Agora tenho que esperar ainda mais”, finalizou.

A Prefeitura de Mauá destacou que todas as unidades que estavam sem profissionais, como a UBS do Jardim Primavera e a do Jardim Zaíra III, já possuem médicos, no entanto, nem todas as vagas foram preenchidas. Na UBS Feital, além do médico que deve iniciar hoje, por meio do programa Mais Médicos, atuam também uma médica generalista e um pediatra.

Farmácia rejeita receita de médico cubano

A merendeira aposentada Lenita dos Santos, 67 anos, moradora de Mauá, enfrentou problemas para conseguir seus medicamentos de uso contínuo para controles de pressão arterial e diabetes. Com uma receita assinada por um médico cubano que a atendia na UBS (Unidade Básica de Saúde) Primavera Lenita se dirigiu a uma farmácia popular, após não encontrar a medicação em sua unidade de referência. Para sua surpresa, o documento não foi aceito por estar sem o CRM (Registro no Conselho Regional de Medicina), uma vez que os profissionais cubanos que atuavam no Brasil eram dispensados do documento.

A aposentada afirmou que nunca antes havia tido esse tipo de problema. Na companhia de seu genro, o inspetor de qualidade aposentado Marcos Batista, 55, Lenita precisou agendar nova consulta para renovação da receita. “Conseguimos marcar rápido, mas já tive até que pegar remédio emprestado com uma conhecida”, reclamou. Batista relatou que antes de recorrer à Farmácia Popular já havia passado em ao menos outras duas UBS. “A gente ainda tem carro para fazer isso. E quem não tem? Quer dizer que, se os médicos foram embora, nada do que eles fizeram antes vale?”, questionou.

A Prefeitura de Mauá informou que os remédios que estavam em falta nas UBSs já foram comprados. “O problema ocorreu com o governo interino, que deixou de pagar os fornecedores e a atual gestão teve de abrir licitação para receber medicação. Já há uma empresa ganhadora e todos os remédios serão repostos na semana que vem”, informou, em nota. 

O Ministério da Saúde foi questionado sobre a recusa da receita na Farmácia Popular e informou que “todas as farmácias brasileiras – da rede privada e do sistema farmácia popular – devem aceitar prescrições médicas com carimbo e número de registro profissional dos médicos do Programa Mais Médicos” e que qualquer dificuldade deve ser denunciada pelo telefone 136.  




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