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Empréstimos custam ainda R$ 3,13 bi ao Grande ABC

São 44 contratos com bancos nacionais e internacionais na região; indexador em dólar impulsiona valores

Por Raphael Rocha
Do dgabc.com.br
21/11/2018 | 07:00
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil


Quatro das sete cidades do Grande ABC terão de desembolsar R$ 3,13 bilhões para quitar empréstimos contraídos junto a instituições financeiras nacionais e internacionais. A quantia é quase a mesma do valor contratado por administrações – R$ 3,23 bilhões –, já que alguns acordos, feitos em dólar, sofreram com a variação positiva da moeda norte-americana.

Segundo a STN (Secretaria do Tesouro Nacional), vinculada ao Ministério da Fazenda, Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires reportaram existência de convênios de empréstimo em vigência – São Caetano também detalhou os dados, entretanto, não há acordos com bancos sobre esse tipo de transação. Diadema e Rio Grande da Serra sequer repassaram os números à União.

Ao todo, as gestões informaram possuir 44 contratos assinados de empréstimo em vigência com Caixa, Banco do Brasil, Desenvolve SP, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), CAF (Corporação Andina de Fomento) e Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento). Desses, sete foram fixados em dólar.

Esse indexador faz com que os sete acordos em dólar resultem em saldo devedor superior aos convênios em Real. As sete operações internacionais foram estimadas em US$ 427,4 milhões e o saldo devedor está em US$ 513,38 milhões. Na conversão, os dados mostram que ainda falta pagar R$ 1,93 bilhão. O passivo de contratos nacionais é de R$ 1,2 bilhão – inicialmente demandaram R$ 1,62 bilhão.

Para efeito de comparação, em 31 de março de 2006, o dólar valia R$ 2,17. Foi neste dia que o então prefeito de São Bernardo, William Dib (sem partido), assinou contrato com o BID, de US$ 72 milhões, para investir em obras nas áreas da Saúde e de Habitação – na conversão da época, R$ 156,2 milhões. O dólar foi foi negociado, na segunda-feira, a R$ 3,76, ou seja, 73% a mais do que há 12 anos. O saldo devedor, com essa disparada da moeda norte-americana, também cresceu e hoje está em R$ 550,1 milhões.

A administração de São Bernardo, aliás, é a que mais possui contratos de empréstimos – as quantias iniciais somam R$ 2,63 bilhões e restam, ainda, R$ 2,55 bilhões a serem quitados. Esse expediente foi bastante no governo de Luiz Marinho (PT), tanto que, das 27 operações registradas em nome da cidade, 20 foram na gestão do petista.

Parte delas, aliás, foi feita com bancos internacionais, que fixaram os valores em dólar. E são justamente esses contratos que pressionam as contas públicas. São Bernardo firmou seis contratos com BID, com a CAF e com o Bird, que, somados, custam US$ 423,47 milhões – há aporte para obras de Mobilidade Urbana, modernização da rede de Saúde, construção do Hospital de Urgência (no antigo Pronto-Socorro Central) e até para conclusão de obras abandonadas pela gestão Marinho. O saldo devedor somente dos acordos com as instituições internacionais está em US$ 510,23 milhões. Na conversão para o Real, o número contratado foi de R$ 1,59 bilhão. A pendência é de R$ 1,92 bilhão.

A Prefeitura de Mauá aparece na segunda colocação na lista regional, muito pelo acordo firmado com a Caixa, no início dos anos 1990, para canalização dos córregos Corumbé e Bocaina e do Rio Tamanduateí. O então prefeito Amaury Fioravanti contratou Cr$13,7 bilhões (equivalente a R$ 130 milhões) para as intervenções. A administração deixou de honrar com as parcelas e os juros fizeram a dívida chegar a R$ 3 bilhões. Esse valor foi renegociado em 2015, caiu para R$ 483 milhões.

Em Santo André, o saldo devedor de contratos de empréstimo é de R$ 50,3 milhões, mas deve ser maior porque a administração já encaminhou acordo com o BID para obras viárias no Viaduto Adib Chammas e na Avenida dos Estados.

Já em Ribeirão Pires, R$ 15,2 milhões em empréstimos nacionais foram contratados. A administração, porém, não informou quanto ainda falta a ser pago para zerar essa dívida. 




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