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Brasil decide hoje novo presidente da República

Ausência de debates e uso irregular de redes sociais marcam segundo turno entre Haddad e Bolsonaro

Por Raphael Rocha
28/10/2018 | 07:00
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Claudio Kbene/Fernando Frazão


 O 38ª presidente do Brasil será definido hoje pelo voto de 147,3 milhões de eleitores, entre eles 2.095.217 residentes no Grande ABC. O deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) disputam a preferência do eleitorado no segundo turno. Em pesquisas eleitorais divulgadas ontem, Bolsonaro teve 55% das intenções dos votos válidos contra 45% para Haddad, segundo a Datafolha. Já o Ibope indicou 54% a 46%. O pleito entre os dois foi marcado por ausência de debates na TV e explosão de denúncias de uso indevido das redes sociais.

Na primeira etapa da corrida presidencial, realizada no dia 7, Bolsonaro conquistou 49,3 milhões de votos, ou 46,03% dos válidos. Haddad convenceu 31,3 milhões de eleitores, ou 29,28% dos válidos. A fase inicial do pleito foi conturbada, com atentado a Bolsonaro em Minas Gerais no início de setembro e mudança da chapa do PT, pois o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde abril, foi enquadrado na Ficha Limpa.

O presidenciável do PSL decidiu, no segundo turno, se ausentar dos debates, mesmo após a equipe médica que o atendeu ter liberado a participar de embates na televisão. O deputado resolveu conceder entrevistas a algumas emissoras, apostar mais uma vez nas redes sociais e realizar eventos fechados. E foi esse uso de internet que resultou em crise na campanha, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou esquema utilizado por empresários para disseminar fake news a favor de Bolsonaro pelo WhatsApp.

O presidenciável também buscou controlar seu grupo de apoio, que, no primeiro turno, externou opiniões polêmicas – caso de seu candidato a vice, general Hamilton Mourão (PRTB), que criticou o 13º salário. Só que viu vazar vídeo no qual seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado reeleito pelo PSL de São Paulo, prega o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal). Apesar disso, Bolsonaro figurou na liderança em todas as pesquisas de intenções de voto e é favorito para vencer o pleito.

Haddad mudou a identidade visual da empreitada. Reduziu o volume de aparições e citações de Lula, trocou o vermelho pelo verde e amarelo para atrair apoio de postulantes que ficaram no primeiro turno. A ideia da campanha era criar frente antiBolsonaro e acusando o rival de ameaçar a democracia. Só que alguns passos falharam, sendo o principal a construção de aliança com Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na etapa inicial, com 13,3 milhões de votos. O PDT anunciou apoio crítico ao presidenciável do PT, mas Ciro viajou para a Europa, se ausentando no segundo turno. Para piorar, Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro, brigou com petistas em evento público e sacramentou a derrota de Haddad – depois se retratou, mas as frases foram amplamente divulgadas pela campanha de Bolsonaro.

O ex-prefeito de São Paulo tentou convencer Bolsonaro a ir ao debate, sem sucesso. Percorreu o País, em especial o Nordeste, e se apegou a números mais favoráveis, a despeito de o cenário ser favorável ao rival. Caso haja a virada improvável, o PT mostrará hegemonia ao vencer as cinco últimas eleições presidenciais.




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