É de São Bernardo um dos homens identificados em vídeos assediando mulheres na Rússia. Leonardo da Silva Júnior, que se formou em Jornalismo pela Universidade Metodista, em 2006, e trabalha em São Caetano, aparece em imagens que inundaram as redes sociais brasileiras desde o fim de semana com brasileiros cantando e proferindo frases ofensivas a mulheres no país que sedia a Copa do Mundo até 15 de julho.

Ontem, 48 ex-colegas de faculdade publicaram carta aberta assinada repudiando o ato, no qual o jornalista e mais cinco homens são filmados entoando música ofensiva a mulher loira – em referência à cor de seu órgão genital –, que, induzida, canta junto, possivelmente sem saber o conteúdo da letra.

“Acontecimentos como esse são rotineiros no Brasil, onde assédios às mulheres, assim como à comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromântiques/Agênero, Pan/Poli, e mais), são insuficientemente registrados, denunciados e juridicamente encaminhados. Por isso mesmo, apoiamos, e mais, consideramos imprescindíveis ações que envolvam a denúncia, a apuração e o enquadramento jurídico do ato, de teor evidentemente machista e racista, e consequências coerentes”, diz a carta.

Dois ex- colegas de Leonardo consultados pelo Diário dizem que seu comportamento, sobretudo nas redes sociais, é condizente ao vídeo no qual aparece. “Devido aos posts, excluí ele. Em um, reclamava do porteiro que estava de mau humor dizendo que não poderia estar, porque se tivesse estudado não seria porteiro. Em outro, contava que a empregada tomou a cerveja da geladeira e a ofendeu como se fosse algo inadmissível”, afirmou um dos colegas, que não quis se identificar. “Machismo, sexismo, classe, raça... São preconceitos de todas as formas. Não estamos aqui para fazer tribunal, mas trazer reflexão, que as mulheres estão mais atentas, sim. Lamentável pessoa que teve formação no Jornalismo, com toda questão ética, reaja com esse tipo de comportamento”, disse outra, que também quis anonimato.

Procurado pela equipe de reportagem do Diário, Leonardo não retornou os contatos. Antes, chegou a publicar na rede sociais que foi o ‘irmão bastardo’ que participou do vídeo.

Repercussão gera repúdio do ministro e demissão na Latam

O ministro do Esporte, Leandro Cruz da Silva, condenou os brasileiros filmados assediando mulheres nas ruas da Rússia com músicas e frases ofensivas em português. “Estão prestando um desserviço ao Brasil. Não nos representam”, disse.

E os homens identificados nos vídeos estão, aos poucos, sentindo os efeitos dos atos. Ontem, a Latam divulgou a demissão do supervisor de aeroportos Felipe Wilson, que foi filmado pedindo a três estrangeiras que repetissem uma frase de cunho sexual.

Já três dos homens que participam do vídeo em que aparece Leonardo da Silva Júnior, de São Bernardo, são o engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho, do Piauí; o policial militar Eduardo Nunes, de Santa Catarina; e o político Diego Valença Jatobá, de Pernambuco.

Ontem, outro vídeo foi divulgado com Lucas Marcelo Andrade, que pede a um jovem que repita frases ofensivas. Uma ativista russa criou petição para que haja punição aos torcedores.