Cultura & Lazer Titulo Teatro
Sobre a liberdade de falar de coisas humanas

Espetáculo poético ‘A Felicidade Segundo os
Felizes’ volta a S.Caetano com dois novos textos

Marcela Munhoz
03/10/2017 | 07:00
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Gabriel Ivanoff/Divulgação


 “Em tempo de tanta patrulha sobre pensamentos, comportamentos e ideologias, abordar sentimentos com poesia me parece importante”. Foi assim que o ator e diretor Kleber Di Lázzare justificou ao Diário a volta de A Felicidade Segundo os Felizes, que ocupa novamente o palco do Teatro da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), agora para a terceira temporada. A peça – um diálogo com as obras do escritor uruguaio Eduardo Galeano e com as do poeta brasileiro Manoel de Barros – fica em cartaz aos sábados (20h) e domingos (19h) até dia 22. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 20.

“Resolvi retornar pela necessidade latente de dizer cada palavra desse texto. Acreditar no movimento que só as ''utopias'' provocam, como diz Galeano, me soa necessário. Olhar para as pequenas grandes coisas da vida, como propõe Barros, aparece quase como salvação para nossa espécie”, filosofa.

Di Lázzare adaptou a montagem. Na nova versão, foram retirados dois textos e somados dois outros. “Tirei um pouco do caráter político de enfrentamento para não agir com as mesmas moedas que parte da sociedade optou por agir hoje. Sem maniqueísmos, buscamos ser cada vez mais plurais, e os novos textos trazem essa possibilidade. Eles burilam o humano e as memórias do que se partilha, não do que afasta. Me convence mais.”

O diretor acredita que o bom acolhimento da peça pelo público – que já alcançou mais de 5.000 pessoas – se deve pela identificação imediata da obrigatoriedade que a sociedade impõe em sempre mostrar imagem inabalável de felicidade, negando as tristezas, as dores e todas as outras emoções puramente humanas.

“O retorno está sendo comovente, são dias de encontros potentes. A plateia consegue, por meio do espetáculo, vasculhar os baús esquecidos dela. No fim, há sempre boa quantidade de gente que fica para falar comigo. Querem dizer das experiências deles, trocar, debater, olhos nos olhos. Isso está sendo muito bonito e bem representativo”, conclui.




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