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Grupo de Ribeirão dança a 'liberdade provisória'
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
23/11/2003 | 18:16
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Cristiane Ribeiro, Débora Vidal, Raquel Bachiega, Rose Mara da Silva, Michele Cristina Santos e Sara Martins Rodrigues, que têm entre 17 e 19 anos, formam o elenco do Grupo Experimental de Dança de Ribeirão Pires. Solange Borelli assina a direção artística da companhia, que exibe nesta terça-feira no Teatro Euclides Menato, em Ribeirão Pires, o resultado do trabalho desenvolvido neste ano: as coreografias Habeas Corpus... A Provisoriedade dos Corpos, A Vida Come a Vida e Os Agoras e os Depois. A dança contemporânea dá as cartas.

O grupo trabalhou em 2003 em três frentes: com um coreógrafo convidado (Sandro Borelli), com uma bailarina da companhia (Rose Mara da Silva) e com criação coletiva. Assim, Borelli assina concepção e criação coreográfica de Habeas Corpus... A Provisoriedade dos Corpos e Rose, de A Vida Come a Vida. Os Agoras e Os Depois é uma criação coreográfica coletiva, cuja concepção vem subscrita por Solange.

Habeas Corpus investiga o universo do escritor Franz Kafka, como nas montagens mais recentes de Borelli com o paulistano Grupo FAR-15, do qual é diretor artístico. “A princípio, trabalharia com o discurso do (cantor e compositor) Renato Russo, que se encaixa bem na faixa etária do grupo de Ribeirão”, diz Borelli. Mas o coreógrafo está tão influenciado pelas questões de Kafka que resolveu continuar nesse território.

“Habeas Corpus nada mais é que a liberdade provisória. Vivemos nessa situação o tempo inteiro. É como se falassem: ‘Você vai até ali porque eu deixo e volta para este quarto escuro’. Todo o universo kafkiano está presente”, afirma Borelli. Cadeiras ocupam o espaço cênico como num jogo de xadrez. “No começo é uma coisa comportada, mas vira uma balbúrdia total. O contato das bailarinas com as cadeiras gera tensão no espectador. Depois de desarrumada a sala, as coisas retornam a ser como eram. Habeas Corpus é o momento de liberdade”, diz.

Inspirado em A Hora da Estrela, livro de Clarice Lispector, o balé A Vida Come a Vida investe nas dores do ser humano. A montagem coloca em xeque os códigos sociais que definem o que é certo ou errado, o que é bonito ou feio, configurando obstáculos para os desejos e as aspirações de cada um – em última instância, a massificação que tolhe individualidades e estimula o individualismo.

Os Agoras e os Depois brinca com os comportamentos que indicam a urgência das coisas. “A montagem fala sobre coisas que decidimos fazer no ato ou deixar para mais tarde, sobre vivermos nossos momentos com ou sem pressa. Apenas propus a temática e alinhavei e dei um pouco mais de coerência à composição dos movimentos. Das três coreografias, esta é mais leve. As outras são mais introspectivas”, afirma Solange.

Quarta e quinta-feira o Teatro Euclides Menato está reservado para a Mostra de Fragmentos Coreográficos, pela qual os alunos do Centro Cultural Ayrton Senna mostram seu trabalho. A Escola Municipal de Dança apresenta duas coreografias de sexta-feira a domingo: Do Fundo do Baú (concepção de Ana Cris Medina e Michele Navarro) e A História no Samba (concepção de Camila Bronizeski e Luciana Mayumi).

Grupo Experimental de Dança de Ribeirão Pires – Habeas Corpus... A Provisoriedade dos Corpos – concepção e criação coreográfica de Sandro Borelli. A Vida Come a Vida – concepção e criação coreográfica de Rose Mara da Silva. Os Agoras e os Depois – concepção de Solange Borelli e criação coreográfica coletiva. Nesta terça-feira, às 19h30. No Teatro Euclides Menato – avenida Brasil, 193, Ribeirão Pires. Telefone: 4828-1512. Ingr.: 1 kg de alimento não-perecível.




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