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Fusca é a vedete dos carros velhos
Por Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
12/06/2005 | 09:46
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O bom desempenho do mercado de veículos com mais de 20 anos está diretamente relacionado ao sucesso do Volkswagen Fusca. O mais famoso de todos os carros já produzidos no mundo – e símbolo da implantação da indústria automotiva brasileira – foi líder de vendas durante duas décadas no mercado nacional e ainda mantém elevada procura no Grande ABC. Foi produzido entre 1959 e 1986 e depois de 1993 a 1996.

O retrospecto justifica a fama. O Fusca é o segundo modelo mais vendido da história, superado apenas pelo Gol, também da Volks. Além de ser item obrigatório em grande parte das lojas especializadas, o modelo é maioria absoluta em feiras informais de carro. O ano de fabricação – ao contrário dos demais modelos – não tem relação lógica com preço final. Pelo contrário. Se bem conservado, quanto mais antigo, mais caro. O carro velho dá lugar à relíquia.

O empresário Valter Eliodoro, no ramo de compra e venda há 15 anos, em Mauá, diz que a rotatividade do Fusca supera todas as outras marcas e incentiva a busca das lojas por raridades. “Se o carro não for uma ‘lata velha’, sai rápido e, dependendo do visual, pode dar lucro de até 100%. É possível encontrar, por exemplo, um ‘Fuscão’ estragado por R$ 1,5 mil que, depois de consertado, dá pra vender por, no mínimo, R$ 3,5 mil”, explica.

O vendedor de carros Aristides Teixeira, de Santo André, calcula que, de cada dez veículos com mais de 20 anos de uso que vende, seis são Fuscas. “Entra ano, sai ano, e esse carro não perde procura. Parece que não fica velho. É fora do comum”, diz.

Para Teixeira, a durabilidade do Fusca é o fator que continua a atrair consumidores. “Um Fusca 1980 é considerado novo no mercado. Qualquer outro modelo nessa idade está aos pedaços, com sérios problema mecânicos e vazamentos. Além disso, um Fusca 1969 pode estar em melhores condições de mecânica e lataria que um produzido na década de 80”, acrescenta.

Feiras – O crescimento do mercado de carros velhos é evidente em feiras de carro na região. Estacionamentos de hipermercados e shoppings, pátio de fábricas e até terrenos baldios se tornam palco para a negociação de carros usados. Na periferia de Santo André existem mais de 12 feirões de carros, segundo a Aravesa (Associação dos Revendedoras de Veículos de Santo André), que mantém feira em terreno próximo à fabrica da Pirelli.

Na avenida Capitão Mário Toledo de Camargo, na Vila Pires, em Santo André, há 15 anos é realizada a Feirinha do Bruno Daniel – nome dado pela proximidade com o estádio municipal. São diariamente colocados cerca de 40 veículos à venda, com rotatividade de 30%. “A gente promove uma feira informal, mas oferece as mesmas garantias de uma loja. Se o carro der problema é só voltar. Se quiser financiar, temos meios de intermediar a negociação com os bancos”, enfatiza o aposentado e vendedor José Nilton Rodrigues.

A Feirinha do Bruno Daniel deverá compor uma associação nas próximas semanas, a exemplo da Aravesa. “Vamos formalizar a existência da feira para passar mais confiança a nossos clientes”, acrescenta Rodrigues.

Lourival Pereira Silva, outro negociador da Feirinha, destaca os preços dos carros disponíveis como fator impulsionador da procura por veículos mais velhos. “Aqui na feira, os carros custam, em média, R$ 700 menos que o valor praticado em lojas especializadas em carros usados. Como não temos custo de manutenção aqui, podemos oferecer valores mais acessíveis e atender melhor às necessidades de cada cliente.”

Assim como na periferia de Santo André, feiras de carros usados são destino certo de quem procura um bom negócio em Mauá, que mantém nos bairros Jardim Zaíra e Barão de Mauá eventos diários. Em Diadema, há feiras no bairro Serraria e em Piraporinha.




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