Setecidades Titulo Regulamentação
Prefeitos divergem sobre Uber

Uso do serviço em municípios do Grande
ABC ainda não é unanimidade entre prefeitos

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
13/05/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC:


Na contramão da Capital, prefeituras do Grande ABC declaram ainda não ter posicionamento definido sobre a regulamentação do aplicativo Uber em seus respectivos territórios. O serviço, que foi liberado na Capital no início desta semana, chega a ter tarifa 75% inferior à cobrada por taxistas na região.

Embora venha conquistando nos últimos meses cada vez mais adeptos, o modelo ainda não é uma pauta unânime na região. “Na Capital, o Uber é tratado como uma realidade. Aqui a presença é muito pequena. Vamos discutir o tema no momento pertinente e avaliar qual a nossa opinião sobre o assunto. Hoje, o Uber não tem um estudo definido”, avalia o prefeito Carlos Grana (PT).

São Caetano, que no ano passado chegou a divulgar a regulamentação do serviço e posteriormente engavetou o projeto, é outro exemplo de cidade que ainda não tem um posicionamento claro sobre o tema. A Prefeitura informou ontem que “estuda a viabilidade de regulamentação do aplicativo.” Entretanto, não estabeleceu prazos para a conclusão dessa análise.

Diadema e Mauá, por sua vez, já declaram não apoiar o serviço. Enquanto o prefeito Lauro Michels (PV) é enfático ao dizer que não irá tratar do assunto na cidade, a administração Donisete Braga (PT) relata que a discussão está sendo analisada, embora o secretário de Mobilidade Urbana do município, Azor Albuquerque, já tenha descartado, em entrevista ao Diário no mês passado, a liberação do serviço. “Hoje não está em discussão a vinda do Uber para a cidade. Portanto, descartamos regularizar esse sistema em Mauá.”

Na avaliação do professor de Engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Creso Peixoto, especialista em Transportes, prefeitos da região erram ao não abrir espaço para o modelo. “(O Grande ABC) Deve acompanhar a solução paulistana, mas também buscar os aspectos que sejam específicos de cada município que podem exigir deliberações específicas de aplicação.”

Segundo o especialista, a regulamentação do serviço na Capital foi “necessária para que se possa minimizar a condição de litígio entre duas classes: os prestadores do Uber e taxistas.”

Questionadas sobre o assunto, São Bernardo e Ribeirão Pires não se manifestaram até o fechamento desta edição.

Até o momento, o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), é o único a sinalizar apoio ao serviço. “Basta fazer uma discussão justa com os taxistas e o Uber para estabelecer tributos iguais e com certeza será liberado.”

 

DIFERENÇA

Na tarde de ontem, o Diário percorreu o trajeto entre sua sede, na Rua Catequese, e o Estádio Bruno José Daniel e comparou o serviço oferecido tanto por taxista quanto por motorista do Uber.

O percurso de quatro quilômetros foi o mesmo. Nos dois, a viagem demorou cerca de dez minutos.

Enquanto na corrida de táxi o valor cobrado foi de R$ 18,30 (sendo R$ 4,50 a tarifa base), o percurso feito pelo Uber teve o preço de R$ 10,45, índice 75,12% inferior.

 

Sindicato critica presença do serviço na região

Para o presidente do Sindicato dos Taxistas do Grande ABC, Odemar Ferreira, a regulamentação do Uber na Capital foi um retrocesso. “Esse prefeito (Fernando Haddad – PT) não bate bem da cabeça. Esses motoristas são todos ilegais, não pagam impostos. É um bando de ladroeiros”, afirma.

Atualmente, o valor base de taxistas na região é de R$ 4,50. Já o preço do quilômetro varia de R$ 2,70 na bandeira 1 e R$ 3,20 na 2.

Entretanto, a categoria irá discutir no próximo mês com prefeitos da região um reajuste de 11% em sua tarifa.

Já no Uber, além da tarifa base de R$ 2, o preço é calculado conforme a quilometragem e o tempo no veículo. Na categoria UberX: R$ 1,40 o quilômetro e R$ 0,26 por minuto. No UberBlack: R$ 2,32 o quilômetros e R$ 0,28 por minuto.

Para o ex-metalúrgico Pedro Geraldo Cantarelli, 48 anos, o Uber foi a solução para ele retornar ao mercado de trabalho. “Fui demitido depois de 23 anos na mesma empresa. Fiquei meses procurando emprego e nada. Acabei me cadastrando no aplicativo e hoje faço cerca de R$ 200 por dia. Foi uma porta que se abriu.”

De acordo com o Uber, atualmente são mais de 10 mil motoristas cadastrados no aplicativo em todo o País. O número de downloads é superior a 1 milhão.




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