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Metalúrgicos comemoram
reajustes salariais de 2010
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
24/03/2011 | 07:05
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No ano passado, nenhuma das 71 renegociações salariais praticadas no setor metalúrgico, no País, teve reajustes abaixo da inflação. O melhor desempenho dos últimos dez anos. É o que detalha estudo divulgado ontem pela FEM/CUT-SP (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo), CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos).

Em 2010, 95,8% dos acordos salariais superaram a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Três renegociações mantiveram igualdade sobre o índice.

O economista e técnico do Dieese, Rafael Serrao, apontou que essa inversão de tendência nas negociações salariais começou em 2004. Naquele ano, pelo menos 88% das correções foi acima da inflação.

O diretor do Dieese, Sérgio Mendonça, explicou que elevação da renda, geração de empregos e a inflação sob controle - mesmo com altas sazonais -, além da maior participação sindical ajudaram no desempenho.

Apesar de Mendonça afirmar que o País vive "ciclo virtuoso da economia", ele alerta para o fato de os vencimentos ainda estarem muito baixos. "Daqui cinco anos seremos a quinta economia mundial. É preciso melhorar a distribuição de renda, pois não dá para imaginar essa posição e ter ao mesmo tempo os salários mais baixos", defende, ao destacar que o tema será chave para o desenvolvimento.

DESAFIOS

O presidente da CNM, deputado estadual Carlos Grana, apontou que a política de valorização do salário-mínimo e o consumo interno nos dois últimos anos como importantes para que houvesse reajustes acima da média. A ação para valorizar o piso foi adotada no último governo. Demanda maior nas compras foi uma resposta do Planalto para conter a crise econômica mundial, em 2009.

VALORIZAÇÃO

Os ganhos reais no Estado de São Paulo para os metalúrgicos - que segundo o chefe da FEM, Valmir Marques da Silva, o Biro Biro, representam 50% dos 2,238 milhões da categoria no País - se destacam da média de correções no País. Os 12 acordos do Estado incrementaram o salário acima do INPC, de 2008 até o ano passado. A maior parte deu aumento real entre 3,01% a 4% acima da inflação oficial.

No quadro brasileiro, 30% da classe se animou com ganho real superior a 8% na soma dos últimos três anos.

LEÃO

Grana aproveitou ainda para comentar o Imposto de Renda. O governo anunciou correção de 4,5% na tabela do IR para 2011, o que significa aumento abaixo da inflação oficial, de 5,91%, segundo o IBGE. Além disso, subiu o mínimo de R$ 510 - valor de dezembro - para R$ 545, em fevereiro. Ele frisou que o sindicato tem desafio de alcançar reajuste acima dos valores do mínimo.

"São negociações diferentes. Nós pedimos pouco mais, pois a tabela precisa ser reformulada. Está desatualizada e provoca distorções. Ou criar mais faixas ou ampliar alíquotas, e não ficar restrita a três. Pois os ganhos reais retornam ao governo pelo Imposto de Renda." Além disso, criticou o BC por adotar elevações de juros para conter a inflação.

 

Salário regional da classe é o maior do País

No momento do 19° aniversário da CNM, Grana destacou ontem que é possível traçar para a próxima década cenário otimista para a categoria. A meta é de que não haja diferenças tão grandes de salários - para as mesmas funções. O Grande ABC é exemplo de vencimentos mais elevados e será levado para o restante do País.

Aqui, a média paga ao metalúrgico é de R$ 3.400. O valor nacional corresponde a R$ 2.129,08. Montante quase 60% maior do que a média Brasil. "A diferença já foi pior, mas com a descentralização da indústria e organização sindical, há tendência gradativa de diminuir essa distância. Olhando para dez anos teremos salários equilibrados a nível nacional", estimou Grana.

Além disso, o presidente ainda traçou dois desejos para a CNM: continuar elevando ganhos reais nos recibos, além de projetar salários mais altos.

Além da CNM, a Força Sindical completa 20 anos hoje. Os representantes destacam que a entidade nasceu "democrática, plural e aberta. Nestas duas décadas, firmou-se como uma das mais importantes centrais brasileiras".

A comemoração será às 18h, no Hakka Espaço de Eventos, na Rua São Joaquim, 460, bairro Liberdade, Capital. A Força afirma que pesos políticos, como senadores, deputados, ministros e prefeitos, como o de São Bernardo, Luiz Marinho, confirmaram presença.




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