Enquanto define os últimos ajustes para manter sua base governista no projeto de reeleição do prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), o PT tem perdido militantes que, desconhecidos do meio político, foram essenciais para campanha vitoriosas de vereadores na cidade. Um grupo de petistas, ainda pequeno, assinou desfiliação da legenda e anunciou ingresso no PP, que apoia a pré-candidatura de Lauro Michels (PV) ao Paço.

Por enquanto, somente quatro integrantes oficializaram suas saídas. Porém, eles garantem que há outras insatisfações dentro do reduto petista e que, até o dia 7 - data limite para transferências partidárias com vistas ao pleito de 2012 -, outros nomes deverão abandonar o barco do PT.

"O pessoal do PT só me procura em época de eleição. Depois disso, sempre sou esquecido. Quando me procuram, vêm com promessas de cargos e até de futuras candidaturas a vereador. Mas sempre deixam de cumprir essas promessas", reclamou Paulo Rodrigues da Costa, no PT desde 2004. Além dele, Zenaide Freire, Adriana Letícia e Idelis Júnior migraram para o PP. Eles integravam grupos políticos do ex-vereador Antônio Rodrigues e dos parlamentares Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, e de José Queiroz Neto, o Zé do Norte.

Outra reclamação diz respeito ao relacionamento entre Reali e o funcionalismo público. O ruído, segundo Costa, provoca embates fervorosos de petistas. "Não dá para aceitar o que o prefeito fez com os funcionários públicos, deixando chegar a uma greve daquele tamanho. Tem gente que está louca para sair do PT também", relatou. A crise entre Reali e os servidores estremeceu o relacionamento do chefe do Executivo com a vereadora Irene dos Santos (PT). Até hoje a parlamentar é preterida de alguns encontros da alta cúpula da Prefeitura.

O presidente do PT de Diadema, Josemundo Queiroz, o Josa, afirmou que as pessoas que deixaram a legenda jamais sinalizaram ou construíram projetos para serem vereadores. Frisou que a saída não vai rachar o partido para a eleição de 2012 e que Michels está por trás do princípio de debandada petista. "O Lauro não precisa agir assim, plantando ‘boi de piranha' na sigla dos outros. Mas eles não farão falta. Se estão desconfortáveis, podem procurar o melhor caminho."

Já o mandatário do PP local, Gesiel Duarte, crê que as articulações poderão causar novas cisões no PT. Segundo o progressista, alguns integrantes do PT confidenciaram que a falta de espaço na legenda é outro agravante. "Muitos falam que nunca terão oportunidades no PT, porque sempre há panelas lá dentro. É como ônibus lotado."

Misso viaja na última semana de filiações partidárias

Responsável pela articulação do governo Mário Reali (PT) com aliados, o chefe de Gabinete, Osvaldo Misso (PT), sairá de férias por sete dias. A folga coincide com a última semana do processo de filiação partidária. A administração, porém, garante que a ausência de Misso não afetará as conversações para montagem do bloco de aliança em torno da reeleição de Reali.

 "Tudo está bem encaminhado. Não vai atrapalhar, até porque essas férias já estavam programadas", disse o presidente do PT municipal, Josemundo Queiroz, o Josa. Extraoficialmente, Josa e o diretor da Saned, Walter Rasmussen, ficarão responsáveis pelos últimos ajustes no arco governista até o dia 7, quando encerra o período de filiações partidárias.

Misso assegurou que a movimentação política do governo não vai interferir na montagem de chapas de outras siglas. "Cada partido está fazendo a sua tarefa de filiação. Nós não interferimos nessas negociações", sustentou o petista.

A pendência mais urgente do Executivo é encontrar legendas que acolham os vereadores Edmilson Cruz (PRB) e Marion Magali de Oliveira (PTB). Edmilson, que reconquistou parte da Igreja Universal - seu reduto eleitoral -, deverá continuar no PRB, partido administrado pelos religiosos.

Marion, em atrito interno com o PTB paulista, negocia com o PSD. A vereadora é contra candidatura própria do PTB, como quer o presidente estadual do partido, deputado Campos Machado.