Política Titulo Líder do petismo
Em S.Bernardo, Lula ignora crise do PT

Durante ato no Sindicato dos Metalúrgicos, ex-presidente faz discurso superficial e evita polêmicas

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
14/11/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Crítico dos rumos econômicos que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) tem tomado recentemente, intensificando a crise institucional enfrentada pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou tom ameno durante discurso no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em evento realizado com jovens do partido ontem à noite, em São Bernardo.

Em praticamente uma hora de fala, o líder petista ignorou temas polêmicos que envolvem o petismo e a gestão de sua sucessora, como as denúncias de corrupção e a insatisfação com a política econômica do País, que têm respingado diretamente no PT, em seu nome e em seus familiares. A militantes e adolescentes que integram o setorial de juventude do PT, Lula se limitou a culpar a mídia por “induzir” a nova geração a desacreditar da política e pediu que os jovens ingressem na vida pública para “ser o político perfeito que procuram em nós”.

“Vocês têm de assumir o papel de vocês, de fazerem o que quiser. O que não pode é negar a política. Porque a desgraça de quem não gosta de política é ter de ser governado por quem gosta”, aconselhou o ex-presidente.

A pauta do debate, promovido pelo deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, foi sobre o “papel da juventude na transformação social”. Mas os apontamentos às recentes polêmicas que envolvem os jovens, como a possível redução da maioridade penal e a reorganização escolar promovida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), ficaram apenas nas falas do secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo e futuro candidato do PT à sucessão do prefeito Luiz Marinho (PT) – ausente no ato – , Tarcisio Secoli (PT), e do presidente do sindicato, Rafael Marques (PT), que, inclusive, fez o discurso mais acalorado em relação às críticas ao partido.

Defensor público da demissão do ministro Joaquim Levy (Fazenda) e do credenciamento de Henrique Meirelles para a condução da economia brasileira, Lula só citou a crise uma vez, de maneira sutil: “Essa crise econômica é como diarreia, vai passar. A gente vai voltar a gerar emprego”, frisou.

Lula também não citou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), principal alvo de manifestações por parte de jovens integrantes de coletivos de esquerda. O nome do peemedebista, que é acusado pelo Ministério Público Federal de ser beneficiário de propina oriunda de desvios da Petrobras, foi citado apenas por uma integrante de movimento formado por estudantes simpáticos à legenda do ex-presidente.

Recebido com o clássico ‘olê, olê, olê, olá, Lula, Lula’, o petista foi diversas vezes ovacionado como futuro candidato à Presidência da República, em 2018. Mas o ex-presidente sequer falou de sucessão nem de possível impeachment de Dilma.




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