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Hospital recusa gestante por 3 vezes
Por Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/06/2006 | 08:10
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A gestante Amanda Priscila Monteiro, 20 anos, acusa o Hospital Infantil e Maternidade Márcia Braido, de São Caetano, de negligência no atendimento prestado. Ela alega que, mesmo estando em trabalho de parto, foi dispensada por três vezes do hospital. Depois de 26 horas com fortes dores abdominais, Amanda deu à luz ao bebê Gabriel, num centro particular, onde foi submetida à cesária. Desde a última sexta-feira, a criança está internada na UTI neonatal do Hospital das Clínicas, em São Paulo, com problemas respiratórios.

Segundo a família, Amanda chegou pela primeira vez ao hospital na quinta-feira, dia 25, às 19h30, sentindo as dores do trabalho de parto. Foi examinada e dispensada pois, segundo o médico que a atendeu, ainda não era hora do bebê nascer. Na mesma noite, às 0h30, ela voltou à clínica – e mais uma vez teria ouvido do médico que não era hora de realizar o parto.

No dia seguinte, segundo a família, a moça tentou atendimento em outro centro médico da rede municipal. Foi ao Pronto-Socorro do bairro Olímpico, localizado a três quadras do Márcia Braido. Lá, segundo a versão da família, o médico da Prefeitura que atendeu Amanda afirmou que era preciso fazer uma cesária. Apesar da curta distância, o médico preferiu transportar a paciente de ambulância.

Ao chegar no hospital pela terceira vez, mesmo com o diagnóstico do PS, teria sido dispensada. Novamente, sob a alegação de que ainda não havia chegado o momento de o bebê nascer, e de que as dores seriam “normais”. Sem saber mais o a quem recorrer, e sentindo as dores havia mais de 26 horas, a família da moça a levou para uma clínica particular da cidade. Lá, foi diagnosticada a necessidade da cesária, e a cirurgia foi marcada para a manhã do dia seguinte.

Após a realização do parto, os médicos perceberam que o bebê precisava ser internado em uma UTI neonatal – que a clínica não possuía. Iniciou-se então outra busca por vagas em UTIs na região. A família diz que Hospital Márcia Braido foi contatado e mais uma vez teria respondido negativamente.

A vaga só foi encontrada no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Então surgiu outro problema: não havia ambulâncias com UTI neonatal para o transporte do garoto recém-nascido na rede pública de São Caetano. A família teve de pagar pelo serviço.

O avô do menino, Roberto de Oliveira, conta que o bebê precisou ser internado por estar com dificuldades respiratórias, em decorrência da demora do parto. Gabriel deve permanecer no Hospital das Clínicas pelo menos até o final da semana, segundo Oliveira.

Outro lado –O coordenador do Programa de Saúde da Mulher da Diretoria de Saúde de São Caetano, Mauricy Chinaglia Bonaparte, negou-se a dar entrevistas sobre o caso. Em nota, a Prefeitura afirma que a ficha de atendimento de Amanda está corretamente preenchida e que todos os parâmetros estão anotados, e que não havia indicações de trabalho de parto. “É bastante comum que numa primeira gestação a paciente vá e volte para o hospital diversas vezes”, diz a nota. O comunicado questiona a urgência da realização do parto e as condições da clínica particular que submeteu Amanda à cirurgia de cesária.



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