Política Titulo Acessibilidade
Aposentado supera deficiência visual e acompanha política

Elier Soares de Almeida comparece a sessões de Diadema, que disponibiliza acervo em braile

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
23/03/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O aposentado Elier Soares de Almeida, 58 anos, é um típico cidadão de Diadema, com orgulho da cidade que se emancipou de São Bernardo em 1959. Embora não tenha nascido na antiga Vila Conceição, viu o município crescer, pois chegou na cidade aos 7 anos, em 1964. Conheceu figuras históricas que ajudaram Diadema a, hoje, estar entre os 50 maiores PIB (Produto Interno Bruto) do País. Porém, um deslocamento de retina deixou muito mais difícil acesso às leis que eram criadas pelos primeiros vereadores e à história sendo escrita por políticos da cidade.

Hoje confeccionador de brindes e massoterapeuta, o munícipe nunca abandonou a política de Diadema, embora muitas vezes a falta de acessibilidade insistisse em mantê-lo alheio às discussões administrativas. Vinte e dois anos depois de ficar cego, Elier tem uma facilidade para fazer uma das coisas que mais gosta, pois a Câmara de Diadema mandou imprimir todas as leis municipais em braile.

“Esse projeto é muito bom e importante. É um modo de poder consultar tudo. Temos o direito de exigir da Prefeitura as coisas corretas. Desta forma não há mais limitações para mim”, relata o aposentado. Na Casa, legislações propostas desde 1960 estão à disposição em acervo que começou a ser implantado no segundo semestre de 2014.
Elier é figura tradicional nas sessões de quinta-feira à tarde. E quase uma enciclopédia da cidade quando o assunto é a política local. Ele tem fresco na memória o momento em que conheceu o primeiro prefeito de Diadema, Evandro Caiaffa Esquível, por ser amigo do filho do ex-gestor. “As pessoas que moravam aqui praticamente se conheciam. O professor Evandro era professor de muita gente”, considerou.

O aposentado ainda tinha visão para presenciar a transformação de Diadema. De uma vila inserida na vegetação ao boom populacional dos anos 1980 e 1990. Da gestão de Ricardo Putz e de Lauro Michels (tio-avô do atual prefeito, Lauro Michels) à chegada do PT no poder pela primeira vez no País, com Gilson Menezes, em 1982 (com ele, o asfalto para o município ainda vivendo na terra).
“Já tinha problema de visão e sofri uma pancada forte, quando operava máquina. Tive descolamento de retina e nunca mais enxerguei nada”, conta Elier. O acidente ocorreu em 1993.
Vinte e dois anos depois, e com acessibilidade engatinhando, Elier não poupa críticas à falta de políticas para deficientes visuais nas prefeituras e Câmaras da região. Para ele, as medidas em curso ou já adotadas são “insuficientes”.

De fato as ações de acessibilidade nos Legislativos do Grande ABC são tímidas. Em São Bernardo, a nova sede foi entregue em 2012, às pressas, mas com elevadores e banheiros adaptados. Há também uma tradutora de libras presente em todas as sessões. Mas só.

Em São Caetano, o prédio possui sinais em braile e marcação no chão para deficientes visuais. Na Câmara de Santo André, munícipes com mobilidade reduzida têm acesso a elevadores e espaços reservados no plenário. Para consulta de leis, entretanto, não há projetos implementados.

No Legislativo de Mauá, as legislações antigas e atuais estão impressas em braile. Mas a falta de divulgação da medida faz com que ninguém se interesse em consultar. Até mesmo vereadores não sabiam da existência do acervo adaptado. 




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