O diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, defendeu que o governo de São Paulo adote “medidas mais restritivas” em relação ao abastecimento de água para a Região Metropolitana. Filiado ao PT, Andreu esteve na manhã de ontem no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, onde participou de reunião com os sete prefeitos e fez críticas à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

“O que temos insistido há muito tempo e já vínhamos manifestando desde fevereiro de 2014 é que nós deveríamos operar aquele sistema (Cantareira) com medidas mais restritivas do que foram adotadas. Como ninguém sabe o futuro – nós não sabíamos como estaríamos hoje, assim como nós não sabemos como estaremos em 2016 –, é muito prudente que se apresentem medidas mais restritivas e, se for o caso, como foi aqui, discutir com os prefeitos e com os usuários se eles desejam essas medidas ou não. Mas não tê-las adotadas no passado, com a persistência da crise, evidentemente reduz a quantidade de água existente.”

Andreu também critica o que, segundo ele, representa falta de transparência por parte da direção da Sabesp. Em boletim divulgado ontem no site da empresa, foi informado que o Cantareira estava com 11,7% do nível armazenado. “O reservatório não está com (quase) 12%. Ele está com menos 17% em relação ao seu volume útil. Seria importante que esses números fossem mais esclarecidos e divulgados, porque, ao se divulgar 12%, dá uma sensação diferente daquela que é a real.” Ele se refere aos 287,9 bilhões de litros das duas reservas técnicas, que entraram em operação no ano passado.

O secretário de Gestão Ambiental de São Bernardo e integrante do GT (Grupo de Trabalho) de Meio Ambiente do Consórcio, João Ricardo Guimarães Caetano, fez questionamentos a respeito da qualidade da água da Represa Billings, que abastece São Bernardo, Diadema e parte de Santo André por meio do braço Rio Grande. A Sabesp está anunciando que vai transferir água da parte mais poluída do reservatório, onde sabemos que tem sedimentos depositados, para a parte menos suja. Há segurança do ponto de vista ambiental e de Saúde pública?”

As perguntas também serão enviadas, por meio de requerimento, à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Procurada pelo Diário, a companhia diz que “esse pedido de esclarecimentos será devidamente analisado pelas áreas técnicas da Cetesb, assim que o ofício for entregue” e, por esse motivo, afirma “não ter condições de antecipar qualquer resposta. A Sabesp informa que não irá se manifestar a respeito do posicionamento do diretor-presidente da ANA.

NÍVEIS DE OPERAÇÃO

O Sistema Rio Grande teve ontem queda de 0,2% no volume acumulado, chegando a 85,2% do total. O Cantareira ficou estável pelo quinto dia consecutivo, a 11,7%. O Alto Tietê, que também atende parte de Santo André e Mauá, apresentou variação negativa de 0,2%, alcançando 18,7%. Já o Rio Claro, que serve Santo André, Mauá e Ribeirão Pires, subiu 0,1% e atingiu 38,6%. O Guarapiranga registrou decréscimo de 0,1%. O volume nesse reservatório é de 62,9%.