Nesta quinta-feira, ao fim de um seminário em Shezen (Sul), um alto responsável chinês encarregado das relaçoes com Taiwan adotou um tom duro, contrastando com a atitude de espera de Pequim após a eleiçao surpreendente de Chen, o candidato separatista.

A recusa de Taiwan em aceitar o princípio de uma só China - base da política chinesa em relaçao a Taiwan - ``levará ao desastre e nao à paz, ao confronto ao invés da harmonia e à hostilidade no lugar da boa vontade', declarou Tang Shubei, vice-presidente da Associaçao Pelas Relaçoes no Estreito de Taiwan, citado pela agência de notícias Nova China.

Inicialmente, a agência oficial chinesa havia usado o termo ``guerra', antes de referir-se, três horas depois, a um ``desastre' se Taiwan se negar a reconhecer a soberania chinesa.

``Tudo dependerá do discurso inaugural de Chen. Se as autoridades chinesas nao conseguirem o que esperam, serao obrigadas a atuar', previu nesta sexta-feira Joseph Cheng, professor de Ciências Políticas da City University, de Hong Kong.

As autoridades chinesas reconhecem que o presidente eleito taiwanês se esforçou para nao agravar a tensao, mas nao se iludem, sobretudo depois que Chen reiterou seu rechaço ao princípio de uma só China, como o define Pequim, na última segunda-feira.

Cheng previu que um período de ``graves dificuldades' terá início após o discurso inaugural de Chen, quando os dirigentes chineses, liderados pelo presidente Jiang Zemin, serao pressionados a atuar, sobretudo pelo Exército.

No começo deste mês, o vice-primeiro-ministro da China, Qian Qichen, exigiu que Chen tome medidas substanciais para ``ganhar a confiança de Pequim'. Dois dias antes, o general Zhang Wannian, o militar chinês de mais alta patente, havia lembrado que o Exército da China estava pronto para acabar com qualquer desejo de independência de Taiwan. Depois, em vez de atacar diretamente Chen, Pequim se lançou contra a vice-presidente eleita de Taiwan, Annette Lu, se dirigindo a ela como uma ``louca' cujas vontades poderiam provocar uma guerra.

Tang Shubei reiterou nesta quinta-feira a oferta de uma ampla autonomia para Taiwan, sobretudo em nível internacional.