O número dos financiamentos de veículos na região caiu em agosto em relação a igual período do ano passado. O resultado, porém, aliado à queda na inadimplência, é um dos indícios de que os consumidores terão melhores condições para a compra de carros no curto e médio prazos, como facilidade na aprovação de crédito e juros menores.

Segundo a Cetip, empresa que opera o SNG (Sistema Nacional de Gravames), a região teve 9.416 operações de crédito para aquisição de automóveis e comerciais leves em agosto. O número representa queda mensal de 2,32%. Na comparação com o oitavo mês de 2013, o decréscimo é de 23%.

A Cetip possui base integrada de informações, que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos que são utilizados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil.

Esse recuo ocorreu justamente em mês que a taxa média de inadimplência dos consumidores nos financiamentos de carros atingiu o menor patamar de 2014 no País, 4,2%. Em janeiro, por exemplo, esse percentual era de 5,2%.

Resultado este que reforça a ideia de que a restrição das instituições financeiras na concessão de empréstimos surtiu efeito e, daqui a alguns meses, abre a possibilidade de melhores condições para os consumidores, como redução de juros e afrouxamento na análise de crédito.

“O fato é que não tivemos a inadimplência subindo e nem os bancos reduzindo as taxas de financiamentos de veículos. Mas, se não tivéssemos conseguido isso (diminuir os calotes), eles (bancos) teriam aumentado as taxas”, observou o diretor executivo de estudos financeiros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel Ribeiro de Oliveira.

Presidente do Sindicato das Concessionárias de Veículos no Estado de São Paulo, Octavio Vallejo acrescentou que a redução nos financiamentos,além de mostrar que a restrição tem freado a demanda pelo crédito, também aponta o pessimismo do consumidor. Hoje, o empréstimo é aprovado, em média, para quatro a cada dez pedidos.

“O consumidor no Grande ABC está muito mais preocupado do que qualquer outra região, pois mora onde estão as montadoras. E com os vários lay-offs (suspensão temporária de contrato de trabalho) e férias coletivas, é natural que fiquem com medo de demissões. Isso impacta não só na vida dos trabalhadores das montadoras, mas vai propagando para os conhecidos deles, e para os conhecidos desses, e assim por diante.”

Para Vallejo, o ambiente para os vendedores de carros não está tão próximo de melhorar. E, para os interessados em adquirir veículos, ele é direto: “Se ele tiver um bom cadastro, conseguirá comprar com menos de 50% de entrada.”