Turismo Titulo Porto Alegre
Metrópole Verde

Ela é praiana e montanhosa. Urbana e interiorana. Tem personalidade forte, mas sabe ser hospitaleira

Melina Dias
Enviada a Porto Alegre
02/10/2008 | 07:05
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Ela é praiana e montanhosa. Urbana e interiorana. Moderna e secular. Tem personalidade forte, mas sabe ser hospitaleira. A capital do Rio Grande do Sul, Estado protagonista de um dos mais ferrenhos levantes civis antiimperialistas da história de nosso País, hoje está mansa.

Tranqüila como as águas do Lago Guaíba, que tanto charme lhe confere.

Talvez seja esse um de seus maiores trunfos - a plácida parte baixa ao nível do lago -, mas como em qualquer metrópole brasileira, aí está guardada sua maior contradição. Em um breve passeio pela cidade - e é disso que essa reportagem trata - fica a certeza de que se Porto Alegre tratasse seu manancial como merece, seria uma das cidades mais especiais da América.

Cultura não lhe falta. Beleza, a geografia dinâmica assegura. Triste é ouvir dos próprios guias turísticos locais que a praia urbana mais famosa, ironicamente batizada de Ipanema, pode vir a ser balneável "em dez anos, com sorte". Nada de que a esmagadora maioria dos municípios no Brasil não compartilhe.

Em contrapartida, raros podem ostentar a invejável proporção de mais de 1 milhão de árvores para 1,4 milhão de habitantes. São 409 praças, reserva biológica e nove parques urbanos.

Verde é a cor de ‘Poa', para os íntimos. Bairros deliciosos se sucedem, dos mais simples aos mais sofisticados. São quarteirões de ‘casas de vó', aglomerados de prédios modernistas (resultado de um boom imobiliário no final dos anos 1960), pracinhas e centros comerciais de bairro. Tudo entremeado por shoppings modernos. Eles são mais de uma dezena, e a cidade em breve ostentará o maior centro de compras da América Latina.

Em paralelo, seguem obras de restauro de preciosidades arquitetônicas, como se confere facilmente no rápido city tour oferecido pela Prefeitura.
Se estiver de passagem, o passeio com saída do SAT (Serviço de Atendimento ao Turista) da Cidade Baixa custa R$ 10 e oferece uma excelente noção espacial ao forasteiro em menos de duas horas.

No primeiro ônibus sem teto do País (é proibido ficar de pé, com risco de esbarrar em árvores e fios de alta tensão), o viajante aprende detalhes da formação sociocultural. Passa por bairros que nasceram como quilombos, surpreende-se com a quantidade de belos parques urbanos, vê intactas construções da virada do século passado e compara as mesmas com modernas instalações arquitetônicas.

Casa de Quintana: imperdível

Se o tempo em Porto Alegre for curto, há um dos vários centros culturais da cidade que pode ser apontado como parada obrigatória: a Casa de Cultura Mario Quintana. O espaço completou 18 anos no último dia 25.

A data se refere à abertura do prédio restaurado, com todos os espaços que oferece hoje ao público. Criada em 1983 através de uma lei estadual, a CCMQ (Casa de Cultura Mario Quintana) está sediada no prédio do antigo Hotel Majestic, local onde o poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994) morou entre 1968 e 1980.

O conjunto arquitetônico é formado por dois prédios rosados que se comunicam em alguns andares.

O local é repleto de atrativos, mas a reconstituição do quarto do poeta, realizada como se ele tivesse deixado o local há minutos, é sem dúvida o que mais impressiona os visitantes. Estão lá a cama desarrumada, os livros, o mobiliário simples, uma bebida, seus cigarros e até uma xícara de café e um doce quindim.

Várias obras de arte compõem o acervo fixo da CCMQ. No andar térreo, acima da entrada da sala Paulo Amorim, está um painel de Jailton Moreira. Irineu Garcia, no térreo da ala oeste, homenageia pessoas e empresas que contribuíram para a metamorfose do Majestic em Casa de Cultura.

No segundo andar, está a escultura de Xico Stockinger chamada O Guerreiro. Entre os andares, na altura do quarto pavimento, próximo ao auditório Luis Cosme, há uma pintura de Karin Lambrecht. No quarto andar, na Discoteca Pública Natho Henn, Mauro Fuke assina o trabalho em madeira Os Tentáculos. No saguão do Teatro Bruno Kiefer, existe um painel de Regina Silveira, Auditorium. No interior da Biblioteca está a escultura de Carlos Cavalcanti, denominada O Índio. Isso, além das exposições temporárias que enriquecem o espaço.

Sociedade pediu restauro

O Hotel Majestic, hoje Casa de Cultura Mario Quintana, simboliza a preocupação do porto-alegrense com a cultura. O prédio, que teve obras iniciadas em 1916 e finalizadas em 1933, passou por período áureo e decadência. Sua recuperação e ocupação como espaço público se deu após intensa mobilização da sociedade civil.

O acesso à CCMQ é totalmente gratuito. Também é possível fazer refeições rápidas, seja no restaurante anexo ao lobby do antigo hotel (totalmente preservado) ou no bar Santo de Casa, situado no alto de uma das torres do edifício.

Charmoso, todo decorado com estátuas de santos, possui uma iluminação agradável e dá para um anexo avarandado, de onde é possível observar o Lago Guaíba. É mais um local estratégico para observar o pôr-do-sol que tanto orgulha os porto-alegrenses.

Em visita à capital gaúcha, vale sempre consultar o calendário cultural da cidade, repleto de mostras teatrais, cinematográficas e musicais. Aos sábados, vale dar uma passada na feira do Caminho dos Antiquários, também no Centro, uma espécie de ‘mercado das pulgas' local.

 Giro rápido em Poá

A Linha Turismo funciona desde 2003 e já atendeu mais de 250 mil pessoas, segundo a Secretaria Municipal de Turismo de Porto Alegre. Depois do city tour, que funciona de terça a domingo, com saídas às 9h, 10h30, 13h30, 15h e 16h30, se a idéia for permanecer na Capital, há a opção de alugar um carro (o trânsito flui bem e é organizado para os padrões paulistanos) ou andar de táxi.

A primeira opção custará R$ 100 em média (mais o tanque deve ser devolvido cheio). Como as distâncias são curtas, andar de táxi acaba compensando. Os carros padronizados em cor vermelha estão por toda a parte, e os motoristas são solícitos como a maioria dos porto-alegrenses, sempre prontos a dar dicas de passeios ou gastronomia.

Em corridas de no máximo R$ 10, é possível voltar aos pontos que mais agradaram após a rápida viagem da Linha Turismo. O passeio parte da Central de Atendimento (Travessa do Carmo, 84 , Cidade Baixa) e custa R$ 10 no segundo piso (aberto) e R$ 8 no primeiro piso (fechado).

Os principais atrativos do roteiro são o Complexo Arquitetônico da UFRGS, o Parque Farroupilha (Redenção), o Planetário Professor José Baptista Pereira, o Parque Moinhos de Vento (o ‘Parcão'), a Praça Marechal Deodoro da Fonseca (Praça da Matriz), o Paço Municipal, o Mercado Público Central, a Casa de Cultura Mário Quintana, o Centro Cultural Usina do Gasômetro, o Anfiteatro Pôr-do-Sol, o Estádio Gigante da Beira-Rio, a Igreja Menino Deus, o Estádio Olímpico Monumental Rótula do Papa, o Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues e o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo.

Fora desse circuito há o Caminho dos Antiquários, onde se concentram lojas de antiguidades, butiques, cafés, restaurantes e estacionamentos (parar o carro é algo problemático na capital gaúcha).

Os boêmios podem curtir a noite nos vários bares despojados do bairro chamado Cidade Baixa ou no entorno da Casa de Cultura Mário Quintana (Centro). Se a opção for por restaurantes e bares mais sofisticados rume para o bairro Moinhos de Vento, que também é próximo de dois shoppings. Em um deles, o Total, há o Armazém Gaúcho, referência em artesanato local.

GUIA DE VIAGEM

COMO CHEGAR

De avião
A TAM oferece passagens de ida e volta para o trecho entre São Paulo e Porto Alegre ao custo de R$ 939 (tarifa flex).
Site: www.tam.com.br.

No site da Gol (www.voegol.com.br) é possível encontrar bilhetes com preços a partir de R$ 450 (ida e volta).

* As tarifas acima não incluem taxa de embarque e podem variar conforme a disponibilidade de assentos.

De ônibus
A Viação Itapemirim (4473-3633) opera viagens para Porto Alegre com saídas diárias do Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo, às 14h e às 22h50. As passagens de ida e volta custam
R$ 308.

ONDE FICAR

Sheraton Porto Alegre - A diária para casal sai a partir de R$ 519 de segunda a sexta-feira e R$ 339 aos fins de semana, incluindo o café-da-manhã.
Tel.: 0800-891-3570.

Blue Tree Towers - Diárias para casal a partir de R$ 261 de segunda a sexta-feira e R$ 174 aos sábados e domingos, com café-da-manhã.
Tel.: (0xx51) 3019-8000.

Ibis - A hospedagem sai a partir de R$ 135 por casal de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana, o valor cai para R$ 105. O café-da-manhã é cobrado a parte: custa R$ 10 por pessoa.
Tel.: 0800-703-7000.

Hotel Milão Turis - A diária para casal custa a partir de R$ 170, com café-da-manhã.
Tel.: (0xx51) 3364-1050.
Site: www.hotelmilao.com.br.




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