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Revista ‘A Cigarra’ comemora 25 anos
Por Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
31/10/2007 | 07:12
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Em um país em que 74% da população é considerada analfabeta funcional (dados do Instituto Paulo Montenegro), ou seja, não entende plenamente o que lê, manter qualquer publicação é um ato corajoso. Agora, editar por 25 anos uma revista dedicada exclusivamente à poesia é algo que beira a “guerrilha cultural”.

Essa conquista é comemorada nesta quarta-feira com o lançamento do número 42 da revista A Cigarra, de Santo André, na Livraria Alpharrabio (tel.: 4438-4358), às 18h. Outro encontro está marcado para o dia 10, na Casa da Palavra (tel.: 4992-7218)

A expressão “guerrilheiros culturais” é usada pelo poeta e artista plástico Guto Lacaz no texto que introduz sua colaboração nesta edição especial. Há outros colaboradores veteranos, como Tom Zé, Arnaldo Antunes, Glauco Mattoso e, obrigatoriamente, o mestre Augusto de Campos.

Como de costume, a estes se unem jovens poetas e gente que, além de poesia, faz bastante pela cultura da região, como Fabiano Calixto, Tarso de Melo, Marcelo Montenegro, Beth Brait Alvim, Dalila Teles Veras e Paula Caetano, entre outros.

A maioria dos poemas cedidos é inédita. Há ainda desenhos e fotos, na boa composição gráfica de Perkins Moreira. A capa é assinada pelo pintor Ricardo Amadasi.

Guerrilheiros - A professora Jurema Barreto de Souza é editora de A Cigarra desde os tempos do mimeógrafo (simplificando para os mais novos, uma espécie de xerox manual). A ela logo se juntou o poeta Zhô Bertolini, também bastante conhecido na região por manter a bem-sucedida feira de discos de vinil.

A parceria na vida e na poesia rendeu frutos. Eles chegaram a ter centenas de assinantes, mas hoje a revista é distribuída de forma mais espontânea, em encontros como o de hoje, feiras e saraus. A periodicidade é variável. Seu conteúdo ampliado também pode ser acessado pela internet (www.kplus.com.br). Contatos e solicitações podem ser feitos por e-mail (revistaacigarra@gmail.com).

Ao avaliar a trabalheira que deu manter A Cigarra ao longo de um quarto de século, a professora Jurema não pestaneja: “Faria tudo de novo. A poesia é um modo de modificar e repensar o mundo em que a gente vive. É um exercício de liberdade. Fora que conhecemos muita gente interessante ao longo deste caminho”.

Depoimentos

“A Cigarra marcou seu trabalho não só no ABC Paulista, mas em todo o território nacional e internacional. Nesta terra árida encontramos estas surpresas”.
Paula Caetano, coordenadora da Casa do Olhar, órgão da Prefeitura de Santo André.

“Acompanho com muito gosto o trabalho do Zhô e da Jurema, junto a outros companheiros de aventura poética, na realização d’A Cigarra. Revista mutante que foi crescendo e se sofisticando graficamente no decorrer dos anos, tornando-se referência importante entre as revistas de poesia, de Santo André para o Brasil. Sua longevidade (25 anos!) é uma coisa rara e admirável, que só pode ser explicada pela paixão de seus editores pela poesia. Que essa cigarra cante ainda por muito tempo!”.
Arnaldo Antunes, músico, ex-Titãs e poeta

“Quando conheci A Cigarra, se bem me lembro, ela não havia completado 10 anos. Naquela época já me chamava a atenção o fato de uma revista durar tanto, a considerar os tradicionais 3 ou 4 números a que as revistas literárias costumam resistir. (...) A idéia da revista como um happening, como um ponto de encontro quase espontâneo das mais variadas formas de poesia (e não só poesia!), fez com que gravitasse, durante todos esses anos, uma pequena multidão ao redor d’A Cigarra.”
Tarso de Melo, advogado e poeta de Santo André




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