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Seu Gomes, de ‘América’, cai na boca do povo
Por Alexandre Coelho
Da TV Press
02/09/2005 | 08:17
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Foi longo o caminho de Walter Breda. Aos 57 anos e 47 de carreira, pela primeira vez o ator vive um papel de maior projeção em uma novela. Graças ao carismático Seu Gomes, de América (Globo), Walter tem visto sua rotina ser alterada com o maior assédio dos fãs nas ruas. Humilde, ele credita muito dessa exposição ao próprio personagem, um tipo popular, autêntico representante dos subúrbios. "O suburbano é um personagem com características muito definidas, muito marcantes. É um prato cheio para qualquer ator", define.

Até chegar a um papel de destaque, no entanto, a caminhada foi árdua. Aos 10 anos, o ator pernambucano já dava seus primeiros passos na profissão. Desde então foram inúmeros papéis no teatro, no cinema e na televisão, onde participou de produções como Os Maias, Presença de Anita e O Quinto dos Infernos. Versátil, Breda orgulha-se de sempre ter trabalhado como ator, qualquer que fosse o trabalho. "Eu comecei fazendo radionovela, lá em Pernambuco. Já na década de 70, vim para o eixo cultural entre o Rio e São Paulo. E sempre trabalhei na área, fazendo de tudo um pouco. Faço dublagem, locução, comerciais, teatro, cinema", diz.

PERGUNTA: Como é viver o Seu Gomes?
WALTER BREDA: Uma experiência maravilhosa. É o primeiro papel grande que eu faço na Globo, do começo ao fim, que entra em todos os capítulos. Eu estou muito contente com o Seu Gomes. E é um personagem que a Glória Perez me deu de bandeja. A terminologia, o comportamento, tudo veio da Glória. Eu fiz muito pouca pesquisa. Não quis mexer muito, porque já estava tudo pronto. Então, preferi não enfeitar muito, apenas realizar o que estava escrito. O mérito é todo da autora.

PERGUNTA: Onde buscou inspiração para fazer um personagem tipicamente suburbano?
BREDA: Eu sou pernambucano, mas moro em São Paulo há quase 35 anos. Então, hoje eu sou menos pernambucano do que qualquer outra coisa. No começo da novela houve um trabalho com o Jayme Monjardim, que era o diretor-geral, através do qual ele me ajudou muito a entrar no tom exato da TV. Porque eu sou um ator de teatro, onde as coisas são maiores, as expressões são maiores. Na TV as coisas têm que ser mais contidas.

PERGUNTA: São muito sutis as diferenças entre o Seu Gomes e, por exemplo, um malandro como o Bigodão, de Malhação?
BREDA: O Bigodão era um ex-namorado da Dona Wilma (Bia Montez), um viciado em cavalos que dá um golpe nela. A Malhação, naquele momento, enfocava problemas com vício, jogatina, e o Bigodão sintetizava isso. Já o Seu Gomes é um carioca típico, que tem aquela coisa de Vila Isabel. Mas, ao contrário do malandro, ele é um ex-policial que tem princípios, é muito severo, muito austero. Ele apenas não resistiu à Dalva, que é uma mulher muito bonita, e teve um deslize na vida.

PERGUNTA: O Gomes agora está com um problemão, com o súbito aparecimento de um filho. Como você acha que reagiria em uma situação semelhante?
BREDA: Eu, Walter Breda, acho que teria um comportamento diferente. Eu procuraria fazer as coisas mais explicadas, mais corretas. Mas artifícios como esses são truques de dramaturgia. Esses conflitos servem para suscitar o debate. Para mim foi uma surpresa a condição atual do Gomes. Mas esses truques fazem parte do jogo, da dramaturgia, da televisão. E é interessante, é uma surpresa bem-vinda e, sem dúvida, enriquece o personagem.

PERGUNTA: Essa maior projeção mudou muito a sua vida?
BREDA: Muda bastante, você fica mais exposto. Andar na rua já é diferente, ir ao supermercado já é diferente. Você é parado a toda hora, as pessoas pedem para fazer foto com você. Mas é legal, o ego fica mais cheio.




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