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Pavor e prejuízo no bairro Fundação
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
12/03/2019 | 07:00
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 Os moradores do bairro Fundação, em São Caetano, relataram horas de medo e apreensão durante e depois do temporal que castigou o Grande ABC entre o fim da tarde de domingo e a madrugada de ontem. O local foi um dos mais atingidos por enchente, que – segundo relatos – chegou a superar os dois metros de altura em diversos pontos. Muitas pessoas perderam todos os móveis, eletrodomésticos, roupas e documentos. E ainda tiveram de retirar todos estes itens de dentro das residências para iniciar os procedimentos de limpeza, ontem.

Como a água subiu rapidamente e a correnteza era forte, as pessoas disseram ter sido surpreendidas e muitas não conseguiram sair, caso do aposentado Emidio Vieira de Melo, 101 anos, que desde 1958 reside na Rua Coligni e há dez está em residência térrea da mesma via. Com ele, mora a filha Lucia Maria de Melo, 63, que é especial. Ambos ficaram com a água praticamente até o pescoço.

“Pensei que não fosse escapar”, disse ele. “Passei muito frio”, contou ela. Até que seu irmão, Claudio José dos Santos, 54, conseguiu ajuda de dois homens que passavam pela rua. “Colocamos uma mesa em cima da outra e minha irmã lá em cima. Nunca aconteceu com água nessa altura”, disse ele, que contabilizou as perdas de três televisões, sofá, mesa, armário, cama, eletrodomésticos, cerca de 150 livros, documentos, remédios etc – a água subiu cerca de 1,70 m.

Gêmea de Lucia, Lurdes de Melo, 63, levaria a irmã para ficar com ela por alguns dias em sua casa, em Santo André. “Mas meu pai não quer sair”, lamentou. “A gente perde a confiança (em ficar), mas o pior já passou”, rebateu Emidio de Melo. Claudio ainda lembrou infeliz coincidência em comentário feito há alguns dias pelo pai. “Ele disse, faz uns dois dias: graças a Deus não acontece mais isso aqui. Se alguém quer fugir de enchente, vem para o Fundação. E aí acontece isso.”

 

DESABAMENTO

Na Rua Ceará, em frente ao Centro Recreativo Esportivo Arthur Garbelotto, antigo CRE Fundação, o muro de um terreno desabou sobre a cozinha de uma casa, onde estava o mecânico Osmir Pereira de Campos, 34. “Ouvi o estalo e já veio tudo abaixo. Só deu tempo de correr. Foi tudo embora com a água”, contou. “É difícil falar, mas é um milagre estar aqui. Só Deus mesmo.”

A auxiliar de vendas Vanessa Barbosa de Souza contou, ainda assustada, como foi o resgate dos avós, que foram salvos pela Guarda Civil Municipal nas proximidades da Rua Ceará. “Minha avó, que tem Alzheimer e ponte de safena, e meu avô, que tem marca-passo, foram resgatados de bote. Perderam os aparelhos (de auxílio médico), remédios, móveis”, contou. “Moro aqui há 32 anos e é a primeira enchente dessa forma. Foi assustador. Estou sem dormir e perdi o dia de trabalho. Infelizmente vamos continuar aqui. Meu avô foi até a casa dele e chorou.”




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