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Cruz Vermelha critica detenções em Guantánamo
Da AFP
10/10/2003 | 17:18
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O representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), em Washington, Christophe Girord, criticou, nesta sexta-feira, a detenção por tempo indeterminado de supostos terroristas, na base americana de Guantánamo, em Cuba.

Girord afirmou em entrevista publicada, nesta sexta-feira, pelo jornal New York Times, que é inaceitável manter mais de 650 presos em Guantánamo, por um tempo indefinido e sem submetê-los a um julgamento. "A situação indefinida tem um impacto sobre a saúde mental dos detentos, e se tornou um problema maior", explicou Girod. O Times revelou que 21 presos cometeram 32 tentativas de suicídio nos últimos 18 meses.

Segundo Girod, o CICR resolveu comentar a situação por causa da inércia das autoridades americanas sobre este assunto. "Gostaria de lembrar que os detentos de Guantánamo são combatentes inimigos, e que eles são tratados com humanidade", justificou-se o porta-voz da Casa Branca, Scott Mc Clellan.

Para Washington, a Convenção de Genebra sobre o tratamento dos prisioneiros de guerra somente se aplica a ‘países específicos’, segundo McClellan, que se esquivou das perguntas sobre as condições de detenção em Guantánamo, sugerindo que fossem transmitidas ao ministério da Defesa.

Os presos foram, em maioria, capturados durante as operações americanas no Afeganistão, logo depois do atentado do 11 de setembro de 2001.

As críticas de Girod e do CICR ocorrem no momento em que um grupo de militares reformados, juízes e diplomatas americanos pediu a intervenção da Corte Suprema neste assunto. O grupo apresentou seus argumentos no momento em que 16 detentos de Guantánamo iniciaram um processo diante a Corte, para conseguir o direito de ter um advogado. Segundo este grupo, a detenção dos supostos terroristas por tempo indeterminado prejudica a reputação dos Estados Unidos, e expõe a riscos os americanos que vivem no exterior.

O Pentágono promete julgamentos diante uma corte militar, sem júri, organizados pelo departamento da Defesa e o da Justiça, sem marcar uma data precisa para estes processos. Três militares reformados avisaram que ignorar a Convenção de Genebra neste caso poderia servir de ‘pretexto’ para outros países fazerem o mesmo.

O advogado australiano Richard Bourke, acusou, nesta quarta-feira, o exército americano de submeter a torturas ‘dignas da Idade Média’ dois australianos presos em Guantánamo, destacando a obrigação de permanecer sob o sol com os braços em cruz até a exaustão. No último dia 30, deputados europeus também exortaram a União Européia a fazer pressão contra Estados Unidos, para que garantam aos detentos um tratamento respeitoso, em relação aos direitos humanos.




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