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Cenário agita setor de recuperação de crédito
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/08/2015 | 07:05
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A inadimplência na utilização de cartão de crédito e cheque especial disparou desde o ano passado e, só neste ano, subiu em torno de 30%. Com isso, o volume de serviços do segmento de recuperação de crédito, conhecido popularmente como a área de cobrança, vem em expansão. Uma das grandes empresas do ramo, a Siscom, de São Bernardo, acompanhou esse ritmo. Em 2014, contratou 400 pessoas e desde o ano passado, já investiu R$ 1 milhão em tecnologia de hardware e software. A companhia, que hoje conta com 1.400 funcionários, também vem se reestruturando e apostando em novos canais de relacionamento, como a comunicação por SMS, e-mail e redes sociais.

A estratégia da companhia é fortalecer o “marketing de relacionamento”, para ter mais efetividade nos resultados, desmitificando a imagem negativa que o segmento ainda carrega. Um dos objetivos é falar a “linguagem” do público atual, dando continuidade a contatos digitais feitos pelos bancos enquanto as pessoas ainda estão com contas em dias. Dessa forma, a ideia é evitar, por exemplo, a ligação em horários inadequados e de forma invasiva, para facilitar a renegociação dos inadimplentes.

Isso tudo porque, apesar do crescimento no volume de serviços, o cenário da economia, com o desemprego em alta, tornou mais difícil a obtenção de acordos com os devedores. Isso atrapalha os resultados, já que as comissões pagas pelos bancos – principal foco de atuação da empresa – são pagas de acordo com a recuperação dos recursos, segundo o executivo Satoshi Fukuura, que assumiu há poucos dias a presidência da Siscom. “É a situação das empresas (no País), atrasando e parcelando salários, tudo isso afeta a recuperabilidade das contas”, disse. Mesmo assim, a Siscom espera ficar próxima do faturamento alcançado em 2014, que foi de R$ 105 milhões em serviços, melhor resultado histórico da companhia – quando houve crescimento de 15% na receita frente a 2013.

Fundada há 19 anos, a empresa também tem trazido executivos de outros segmentos (de bancos até operadora de TV a cabo), como parte da reestruturação para se profissionalizar e se adequar aos novos tempos. O objetivo é ter melhores condições de identificar o perfil dos inadimplentes, diferenciando, por exemplo, os que já estão no fim dos contratos e, por algum motivo, tiveram problemas em honrar as prestações, dos que recém-contrataram o financiamento e já começam a atrasar. No primeiro caso, diz Fukuura, pode se tentar buscar um acordo para a pessoa quitar seus pagamentos e, no segundo, caminhar mais para a execução de garantias, quando elas existem, como no caso de financiamento de carro ou casa.

COLABORADORES - A reestruturação e o investimento em tecnologia têm como foco a ampliação da produtividade. Também com esse objetivo, a companhia tem desenvolvido política de Recursos Humanos, para valorizar os funcionários e reduzir a rotatividade, que é tradicionalmente na atividade. Na companhia, é menor que 6%, cita Fukuura. Isso envolveu, por exemplo, a recente instalação de área de convivência e descompressão, a melhoria de equipamentos para dar mais acessibilidade a deficientes, realização de ações de incentivo e premiação, para estimular os colaboradores, e a criação de plano de carreira.

Fukuura acrescenta outro objetivo, mas que não é de curto prazo: receber aportes de grandes investidores e abrir o capital. Para isso, a empresa também te se preparado, com a profissionalização e também ao saneamento financeiro, feito no ano passado. 




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