O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), ingressou ontem no bloco de lideranças do petismo que criticam o novo plano econômico implementado pela presidente Dilma Rousseff (PT), ao abordar que vê como “incompleto” o processo de ajuste fiscal patrocinado pela chefe da Nação. Antes dele, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice, manifestaram contrariedade ao formato de trabalho adotado por Dilma.

Considerado porta-voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho escancarou o racha existente no PT. Neste segundo mandato, Dilma preteriu nomes ligados a Lula – tirou, por exemplo, Gilberto Carvalho da Secretaria-Geral da Presidência –, alocou figuras voltadas ao seu grupo político e viu surgir diversas lideranças da legenda insatisfeitas.

Ontem, em evento ao lado do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), Marinho disparou contra a equipe econômica escolhida por Dilma e capitaneada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para o prefeito, não houve adoção de ações que não proporcionam estabilidade entre contenção da inflação e crescimento. “Este é um ano de transição. A equipe econômica que (Dilma) montou é de ajuste, estava claro isso. É natural que cause descontentamento, inclusive da base (do PT). Na (minha) avaliação, está incompleto esse processo. É preciso anunciar um conjunto de outras medidas que façam o equilíbrio para garantir a gestão crescente da geração e proteção de empregos”, proferiu o prefeito.

Segundo Marinho, o fortalecimento da economia no País passa por plano balanceado, citando como exemplo critérios estabelecidos pelo ex-presidente Lula em seu primeiro mandato à frente da Presidência (2003-2006). “Em 2003, o presidente Lula também fez ajuste pesado na economia, mas, em conjunto, realizou anúncio de várias medidas que faziam equilíbrio com ajuste da macroeconomia”, comparou Marinho. “Não é correto fazer controle da inflação somente pela restrição do crédito. É preciso fazer esse controle com viés da quantidade de produção, ou seja, controlar pela oferta e não só pela restrição”, adicionou.

SOB ATAQUE
Nas últimas semanas, José Dirceu – condenado pelo escândalo do Mensalão – e Cantalice não pouparam críticas à área econômica do governo Dilma. Dirceu, em seu blog, disse que a decisão de Dilma faz com que o País caminhe para “recessão com todas suas implicações sociais e políticas”. Já o dirigente afirmou que “o veto à correção da tabela do Imposto de Renda foi um erro. O que se tem é criar novas alíquotas para taxar os cidadãos de alta renda.”

Kassab promete regularizar repasse

O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), esteve ontem em São Bernardo e prometeu ao prefeito Luiz Marinho (PT) restabelecer o fluxo de pagamentos em obras de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal.

O encontro ocorreu na mesma semana em que Marinho atribuiu à União lentidão nas obras de construção do piscinão do Paço. O chefe do Executivo mencionou que o ritmo dos serviços diminuiu porque não houve repasse de R$ 20 milhões prometidos.

“O que houve foi oscilação no fluxo financeiro, que está sendo normalizado. Portanto, não devemos ter nenhum tremor em relação ao cronograma dos projetos”, justificou Kassab, que também assegurou proporcionar atenção aos projetos da região na Habitação e Mobilidade Urbana.

Para Marinho, a visita foi positiva. “O Kassab pediu até três semanas para conclusão de avaliação, devendo se reunir com equipe do Planejamento. Ele foi prefeito e sabe todas as demandas que uma cidade necessita. Creio que dará para tudo ser resolvido e que não haverá atraso na entrega da obra”, comentou.