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Perfil na web influencia contratação
Por Nilton Carvalho
19/09/2010 | 07:00
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Candidatos que estão procurando emprego e gostam de interagir em redes sociais como o Orkut, Twitter e Facebook precisam ficar atentos. Com a revolução digital, que vem promovendo constantes mudanças na vida das pessoas, algumas empresas têm observado os perfis dos candidatos nas redes sociais, durante o processo seletivo. Entretanto, muitos usuários ainda não perceberam que estas ferramentas podem ser utilizadas como uma espécie de currículo e acabam configurando conteúdos inadequados para o mercado de trabalho.

Para evitar que isso aconteça, é necessário entender que essas ferramentas vão muito além do que uma mera diversão. "Muita gente ainda acredita que as redes sociais são apenas um ambiente para lazer como manter contato com amigos, família, conhecer novas pessoas", conta o especialista em planejamento digital, Maurício Gouvea.

Atualmente, as empresas têm se preocupado com a utilização da ferramenta pelos funcionários, o que mostra que não vai demorar muito para que as redes sociais, obrigatoriamente, sejam analisadas pela empresa contratante.

Segundo o consultor da TGT Consult, Waldir Arevolo, essa preocupação já começou por conta da má utilização das ferramentas sociais. "As pessoas estão banalizando, achando que nas redes sociais você pode escrever qualquer coisa."

POLÊMICA DIGITAL - Recentemente, um caso que chamou a atenção no meio corporativo foi a demissão do diretor comercial da Locaweb, Alex Glikas, que ofendeu o São Paulo Futebol Clube no Twitter, após uma partida contra o Corinthians, time para o qual ele torce. O fator decisivo para o desgaste entre a empresa e o diretor ocorreu devido ao patrocínio da marca Locaweb na camisa do clube paulista. O caso despertou questões polêmicas envolvendo a liberdade de expressão.

Enquanto há quem defenda que opiniões postadas nas redes sociais tornam públicas informações desnecessárias, outros entendem que exigir "políticas de uso" para esse ambiente significa censurar o funcionário.

Para o consultor Waldir Arevolo, a questão não é proibir, mas ensinar o funcionário a utilizar o canal corretamente. "A empresa não quer calar, mas sim orientar sobre o que deve e pode ser feito com as ferramentas das redes sociais. Você troca um funcionário e ganha um colaborador", explica o especialista.

"Às vezes, a pessoa não sabe o tamanho do ruído que um comentário em uma rede social pode causar", conta Arevolo. Para evitar contratempos como este, os usuários devem pensar duas vezes antes de tornar pública alguma informação que possa prejudicar o seu perfil, seja ele funcionário ou candidato em busca de uma vaga de emprego.

Essa tendência de monitorar e levantar dados comportamentais nas redes sociais já é uma realidade. A preocupação das empresas em estudar as opiniões de determinados nichos de mercado pode guiar novas projeções e isso exige que os funcionários e candidatos também estejam antenados.

"Pelas redes sociais é possível criar verdadeiros vínculos de relacionamento com seus consumidores, a partir de um diálogo franco e transparente. É a transformação de um relacionamento meramente transacional e impessoal para algo realmente passional, constante e mais próximo", explica o especialista em planejamento digital, Maurício Gouvea.

Para ele, a postura indevida nesse instrumento fez muitas companhias adotarem "códigos de conduta" na web. "Algumas empresas já desenvolveram, inclusive, diretrizes para as redes sociais com o objetivo de ajudar seus funcionários a se relacionarem no ambiente virtual", destaca o especialista.

As discussões sobre a implantação de "políticas de uso" para as redes sociais, na opinião do consultor Waldir Arevolo, não existiriam se o mesmo procedimento fosse implantado em outros canais. "É preciso entender o objetivo da mensagem para criar uma política de comunicação que não seja aplicada apenas a um canal e para que as pessoas saibam os diferentes tipos de relacionamentos sociais", diz.

Outra questão, é que algumas empresas proíbem os funcionários de utilizarem as redes sociais, o que já pode ser considerada como uma medida ultrapassada e que interfere na relação com os funcionários. Na opinião do consultor, isso estimula o surgimento de críticas. "Quando você sai da empresa, onde você não pode usar as redes sociais, você chega em casa e diz no Twitter: ainda bem que eu saí"finaliza.


Como configurar um perfil na internet que seja atraente

A aplicação de medidas preventivas pode ser utilizada em favor dos candidatos que estão procurando uma vaga no mercado de trabalho, pois quem sair na frente e elaborar perfis engajados terá vantagens em processos futuros.

A operadora de produção, Helen do Amaral, que está desempregada no momento, entende a necessidade de se preocupar com o conteúdo postado na web, mas, também vê um pouco de invasão de privacidade na questão. "O candidato, às vezes, não espera que seus comentários ou coisas colocadas para pessoas que ele conhece possam ser vistos por outras pessoas que, futuramente, podem não escolhê-lo para um emprego apenas avaliando parte de sua intimidade."

Estar preparado para o mercado de trabalho é conhecer as exigências do mercado e ficar atento para não ser pego de surpresa. "As empresas estão preocupadas com o comportamento de seus funcionários nesses ambientes", diz o especialista em planejamento digital Maurício Gouvea.

Considerando a importância das redes sociais nos processos seletivos de hoje, o candidato deve estar atento para informações que podem ser úteis durante a avaliação do conteúdo na web.

O consultor Waldir Arevolo diz que o candidato deve mostrar no perfil do Orktu ou Facebook, por exemplo, que é uma pessoa atenta para as novidades que estão ocorrendo e manter sempre atualizadas as informações sobre leituras e cursos.

"O emprego ocorre muito por causa da demonstração de motivação, ler diferentes tipos de leitura e mostrar o que você tem pesquisado", destaca. Mas, é importante que o candidato jamais insira em seu perfil dados incorretos, apenas para "incrementar" o currículo.


Use corretamente

Em maio deste ano, o editor Felipe Milanez, da revista National Geographic Brasil, foi demitido após criticar a revista Veja no Twitter. A Editora Abril, que distribui a edição nacional da National, não pensou duas vezes em repudiar o comentário feito contra a sua publicação mais vendida.

O caso ocorrido na Abril é exemplo de como as pessoas ainda não aprenderam a utilizar o canal correto. O consultor da TGT, Waldir Arevolo, classifica como "tatuagem digital" todo conteúdo atualizado nas redes sociais que provoca arrependimento depois de postado.

Segundo o consultor, é necessário direcionar de maneira coerente tudo o que se deseja postar em redes como o Twitter e o Facebook, porque depois que a mensagem já foi enviada, não há como voltar atrás. "É necessário saber se a mensagem é de um para um ou de um para muitos."

 




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