Cultura & Lazer Titulo
Neonerds vieram para ficar
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
10/02/2008 | 07:09
Compartilhar notícia


O ator canadense Michael Cera, 19, aparece com voz esganiçada, jeito desengonçado e expressão envergonhada em quase todos os papéis de sua carreira de pouco mais de dez anos. Tivesse nascido antes, o rapaz provavelmente estaria condenado a repetir o papel do saco de pancadas de valentões em filmes juvenis.

Mas para a felicidade de Cera, que está em Juno, azarão do Oscar que estréia no próximo dia 22, ele não pode ser classificado como nerd. Ele está confortavelmente sentado sobre a fama de geek. Tanto no novo filme quando no ‘manifesto’ Superbad (2007), outros personagens se referem a ele como ‘bobão’. Isso não impede que colecione admiradoras, coisa que nerds oitentistas só conquistavam após revelar a ‘beleza interior’.

Na prática, o termo geek não designa tipos mais atléticos ou populares que Skolnick (Robert Carradine) de A Vingança dos Nerds (1984). É uma tentativa de sofisticar o tal primeiro aluno da turma.

É certo que a alcunha tem fundo pejorativo quando não utilizada entre iguais. Por iguais, entenda-se pessoas com interesse acima do normal por tecnologia e assuntos correlatos. Por associação (ou por clichê mesmo) geek também faz referência a quem aprecia ficção científica e fantasias na literatura e, conseqüentemente, na sétima arte.

O avanço dos neonerds nas telonas teve em 2005 período decisivo. Napoleon Dynamite, saga de rapaz de ar abobalhado, abocanhou os prêmios de melhor filme, revelação (Jon Heder) e coreografia no MTV Movie Awards 2005. Detalhe: os vencedores são escolhidos pelo público.

Também naquele ano, Steve Carell encarnou um adulto que colecionava bonecos de super-heróis e se recusava a partilhar dos prazeres carnais. O Virgem de 40 Anos, dirigido por Judd Apatow e produzido por Seth Rogen, foi a resposta bem-humorada à pregação de George W. Bush por castidade. As piadas podiam até beirar o grotesco, mas naquele momento formou-se a brigada pró-geek.

Da parceria de Apatow/ Rogen e de uma mescla de produtores e elenco do humorístico Saturday Night Live, da série finada Arrested Development e da versão norte-americana da comédia britânica The Office (incluindo o diretor Harold Ramis), foi criada a usina geek.

Com isso, atores como Jason Bateman (ex-Arrested), Will Ferrell (ex-SNL) e Paul Rudd (habitué dos filmes da marca Apatow) fazem escada para caras menos conhecidas.

Além de Superbad, a sociedade rendeu em 2007 Ligeiramente Grávidos, com combinações de geeks novos e antigos e reencontros. Para 2008, a safra tem Pineapple Express, Walk Hard, Forgetting Sarah Marshall e The Year One.

Outros geeks e nerds

Seth Rogen
Canadense, 25, Rogen há pouco engrenou como ator. O texto irônico, porém, é velho conhecido na América do Norte. Ao lado do amigo Evan Goldberg, gostava de escrever histórias na infância. Duas delas, Superbad e Pineapple Express (prometido para 2008), viraram filmes com Rogen no elenco. Crescida, a dupla foi roteirista do programa Da Ali G Show (canal Sony). Em Ligeiramente Grávidos, fez seu primeiro protagonista. Este ano estará em Fanboys e Zack and Miri Make a Porn.

Bill Hader
Aos 29, Hader pode ser visto aos fins de semana no humorístico Saturday Night Live (canal Sony), onde está desde 2005 e é conhecido pela imitação perfeita de Al Pacino. Apesar do ‘trabalho fixo’, o ator, que começou fazendo esquetes no teatro, teve fôlego de sobra para o cinema em 2007. Colaborou em filmes de colegas do SNL nos intervalos de Superbad e Ligeiramente Grávidos. Repetirá dobradinha com Seth Rogen em Pineapple Express e Forgetting Sarah Marshall em 2008.

Jonah Hill
O californiano Hill, 24, foi alter ego de Seth Rogen em Superbad. Graças ao amigo Jake, filho de Dustin Hoffman, conseguiu seu primeiro papel em Huckabees – A Vida é uma Comédia. Invariavelmente tem pontas nos filmes de Judd Apatow (foi assim em Ligeiramente Grávidos e Walk Hard). Os próximos papéis de destaque são nas comédias Strange Wilderness e Forgetting Sarah Marshall.

Christopher Mintz-Plasse
Depois da estréia em Superbad, Mintz-Plasse, 18, teria de interpretar atletas nos próximos 50 filmes para se dissociar de Foggel, nerd responsável por concretizar sonhos etílicos da turma. Mas isso não deve acontecer. Muito por conta do físico, o caçula da safra continua geek em Little Men, ao lado de Paul Rudd, e em The Year One, de Harold Ramis, em que volta a contracenar com Michael Cera.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;