Política Titulo
PT pode ser coadjuvante em Rio Grande
Leandro Laranjeira
Do Diáiro do Grande ABC
25/02/2008 | 07:01
Compartilhar notícia


Considerado um dos partidos capazes de evitar a reeleição do prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), em outubro, o PT dá mostras de enfraquecimento na cidade. Uma ala da legenda (exatamente a parte que detém o comando da atual executiva) cogita a possibilidade, inclusive, de não lançar nome próprio a prefeito.

O impasse coloca os dois principais grupos petistas em rota de colisão. A principal atitude que desagradou aos defensores de candidatura própria – auto-intitulados ‘petistas históricos’ –, como o ex-prefeito Ramon Velasquez e o vereador Amilton José dos Santos (mais votado da legenda em 2004), foi o convite feito por Carlos Augusto César, o Cafu, à atual vice-prefeita, Helenice Arruda (PTB). Durante o Carnaval, Cafu, com o aval da executiva, chamou a oposicionista para encabeçar chapa majoritária na condição de o PT indicar o candidato a vice.

Ramon – que governou a cidade entre julho de 2000 e dezembro de 2004 – criticou o posicionamento do ex-aliado (Cafu foi secretário durante seu governo) e da direção do partido. “Trata-se de um equívoco. O nosso partido tem vocação para o poder, para ser protagonista. Tivemos um governo bem-sucedido, no qual conseguimos a reeleição. É preciso ter responsabilidade tanto com o passado do PT quanto com o futuro da cidade. Um partido como o nosso jamais poderia pensar em se colocar como figurante em uma eleição”, lamenta.

Segundo o ex-chefe do Executivo – um dos cotados, ao lado de Cafu, para disputar a sucessão –, o convite feito à atual vice-prefeita foi um “desrespeito” ao governo tucano e ao próprio PT. “Esse pensamento somente fortalece a atual administração. Se continuar dessa maneira, submetidos a essa visão míope e atrasada da atual direção, a qual não corresponde com a nossa história, corremos o risco, inclusive, de não eleger nem vereadores neste ano.”

Amilton endossa as palavras de Ramon. “Historicamente, o PT sempre teve candidaturas próprias. Não seria agora, consolidado na cidade, que deveria abrir mão desse direito. Não podemos permitir que a legenda retroceda. Sou terminantemente contrário a essa idéia insana de algumas pessoas de que o PT deva ser vice.”

O parlamentar acredita que uma simples consulta interna já seria suficiente para a executiva abandonar a idéia. “A maioria dos filiados rejeitaria a proposta. Não há consistência na base”, argumenta. “Não podemos compactuar com essa concepção. É preciso buscar a unidade a fim de predominar a construção de candidatura própria”, acrescenta.

DISCÓRDIA - Cafu admitiu o convite à vice-prefeita. E garantiu que o PT continuará a buscar composição com partidos que integram a base aliada da sigla em nível federal. “No calendário eleitoral, definido recentemente, abriu-se a possibilidade de alianças não apenas com o PT como cabeça de chapa, mas também como vice. Não será somente ela (Helenice). Abriremos diálogo com outras pessoas as quais consideramos sérias e com credibilidade.”

Helenice, por sua vez, refuta qualquer chance de composição com os petistas. “Continua da maneira como está. Dei minha palavra de que concorrerei à reeleição como vice do Kiko, já contando com o apoio dele em 2012 (quando ela seria o nome ao Executivo).”

Ela afirma não descartar a hipótese de o convite ter sido feito como forma de desestabilizar o grupo governista. “Somos hoje uma das poucas cidades onde há união na administração. Não sei avaliar se o PT me procurou por falta de opção, mas pode ter sido para desarticular o grupo.”

O prefeito Kiko e o presidente do PT, Benedito Araújo, não foram localizados para comentar o assunto.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;