Economia Titulo Automóveis
Produção de veículos cresce 31,9%
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
07/02/2013 | 06:20
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Celso Luiz/DGABC


Janeiro foi um mês bastante expressivo para a indústria automobilística brasileira, em que tanto a produção quanto as vendas bateram recorde. Foram fabricados 279,3 mil veículos no período, alta de 31,9% frente ao mesmo mês em 2012, quando o volume atingiu 211,8 mil. Quanto aos licenciamentos, houve elevação de 16,1%, passando de 268,2 mil em 2012 para 311,4 mil em 2013.

Os dados foram divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e referem-se a automóveis e comerciais leves (pick ups e utilitários), caminhões e ônibus.

No primeiro mês do ano passado, o setor amargava queda de 11,4% na produção ante 2011, com férias coletivas para baixar os estoques de 36 dias - hoje são 29 dias. A situação foi piorando com o passar dos meses e, em maio, o governo retomou a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros, de 7% para zero, no caso dos com motor 1.0 e instituiu a mesma medida para caminhões, de 5% para zero, que à época tinham produção encalhada dos modelos com o novo motor obrigatório em vigor, o Euro 5, por conta de antecipação de vendas ocorrida no fim de 2011 dos veículos com a versão anterior, o Euro 3.

Na comparação com dezembro, a produção de veículos cresceu 7,7% - em janeiro houve três dias úteis a mais do que em dezembro. As vendas, porém, recuaram em 13,6% - até então, pensava-se que o IPI menor seria encerrado no último mês de 2012. No dia 19 de dezembro, porém, foi anunciada prorrogação com retorno gradual da alíquota, que até março será de 2%, de abril a junho, 3,5% e, após julho, 7%. Foi mantida também a isenção do imposto para caminhões por tempo indeterminado.

"Começamos o ano bem. Janeiro foi bom porque foram colocados apenas 2% de IPI. Os preços baixos praticados no varejo couberam no bolso do consumidor. Vimos fluxo de loja e negócios acontecendo e este é um sinal extremamente positivo", disse Cledorvino Belini, presidente da Anfavea. Ele reconheceu, no entanto, que o estoque sem IPI de 246 mil unidades que ficaram nas concessionárias no mês passado ajudou a aquecer o comércio. Quanto à produção, Belini afirmou que, graças às fortes vendas de dezembro e da redução dos estoques, muitas montadoras não concederam férias coletivas e aproveitaram para abastecer o mercado e reforçar a fabricação. Janeiro encerrou com estoques de 29 dias, ou 298 mil unidades, sendo seis dias na indústria (60.076) e 23 dias nas concessionárias (238 mil). São cinco dias a mais que em dezembro, que terminou com 24 dias, ou 295 mil veículos. Na comparação com janeiro de 2012, porém, o excedente de produção está sete dias menor. À época, estava em 36 dias.

Considerando apenas carros, a produção cresceu 27,1%, saltando de 207,2 mil para 263,5 mil. As vendas também aumentaram 17,6%, passando de 252,6 mil a 297,1 mil.

 

CAMINHÕES - O segmento de caminhões, que encerrou 2012 com queda de 40,5% na produção, com 132.820 veículos - mesmo com a recuperação notada no fim do ano, por conta da redução dos juros do financiamento PSI-Finame para 2,5% ao ano - estreou janeiro com aumento de 269,5%, com 12.705 unidades. As vendas, porém, recuaram em 7,1%, para 12.098 caminhões. "O setor tem toda chance de deslanchar neste ano."

EXPECTATIVAS - Belini disse estar confiante quanto ao desempenho do setor automotivo em 2013, com expectativa de alta de 3,5% a 4,5% nas vendas, alcançando de 3,930 milhões a 3,970 milhões de veículos licenciados. "Somos otimistas. Até porque em maio (antes da redução do IPI), amargávamos queda de 4,3% nas vendas. E fechamos o ano com alta de 4,6% frente a 2011. Se o PIB (Produto Interno Bruto) pode crescer entre 3% e 4%, as vendas podem aumentar 4%." A produção deve se elevar em 4,5%, com 3,490 milhões de unidades.

 

Inovar-Auto vai ajudar a manter empregos da cadeia

Para o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, o Inovar-Auto - regime automotivo que evitará o acréscimo de 30 pontos percentuais no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) às montadoras que utilizarem pelo menos 60% de conteúdo nacional a partir deste ano e investirem em tecnologia até 2017- vai ajudar na recuperação do emprego da cadeia automotiva.

Em reunião com o ministro do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Fernando Pimentel, Belini contou que algumas regulamentações do regime foram discutidas e devem ser anunciadas nos próximos dias. "A inovação deverá ser feita em conjunto com o fornecedor e com a academia (pesquisadores)", afirmou. "O governo diz que vai criar normas para regulamentar a compra de importados pelos sistemistas também. E o financiamento do BNDES só será concedido a quem tiver pelo menos 60% de componentes nacionais."

Dessa forma, o restante da cadeia - que amarga demissões pela forte redução nos pedidos devido ao custo menor do importado - será beneficiado. Para Belini, porém, os reflexos do regime podem não ser vistos ainda em 2013, principalmente porque as montadoras têm até 2017 para oferecer veículos que consumam menos combustível, por exemplo.

Em janeiro, ao menos, o emprego no setor melhorou, com a contratação de 1.156 profissionais de dezembro para cá. Desde que o IPI reduzido entrou em vigor, em maio, foram criados 6.300 postos.

 

 




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