O presidente francês, Jacques Chirac, afirmou nesta sexta-feira, ao receber o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que a ajuda aos palestinos tem de ser mantida por razões humanitárias e políticas, destacando a possibilidade de criação de um fundo fiduciário para o repasse de dinheiro através do banco Mundial.

"A França acredita que a ajuda humanitária e técnica aos palestinos deve ser mantida por razões humanas e políticas. Pediremos à comunidade internacional, sobretudo a União Européia, que retome o procedimento", declarou Chirac.

O presidente francês destacou ainda para Abbas que vai propor a seus parceiros internacionais a criação de um fundo fiduciário administrado pelo banco Mundial a fim de pagar os salários dos 160 mil funcionários palestinos.

O presidente francês apresentará suas propostas em uma próxima reunião do Quarteto (Estados Unidos, Nações Unidas, Rússia e União Européia) do dia 9 de maio, consagrada sobretudo à reflexão rápida de um dispositivo que permita a retomada da ajuda.

"O auxílio humanitário deve ser mantido e incrementado através principalmente das Nações Unidas, devendo passar por instituições independentes do grupo islâmico radical Hamas", frisaram as mesmas fontes.

Este foi o segundo encontro entre os dois líderes, que se reuniram pela primeira vez em outubro, sendo o primeiro desde a histórica derrota do Fatah, movimento político de Abbas, nas eleições legislativas de janeiro passado, a qual proclamou o Hamas como grande vencedor.

Os salários dos funcionários da Autoridade Palestina foram uma das primeiras vítimas deste boicote internacional ao Hamas e inúmeros trabalhadores públicos deixaram de receber suas remunerações. De acordo com Abbas, o risco de catástrofe social e humanitária é enorme em Gaza e na Cisjordânia.

A Europa, que é o principal contribuinte para a ajuda à Autoridade Palestina, com um fluxo anual de 500 milhões de euros (600 milhões de dólares), exige, da mesma forma dos Estados Unidos, que o Hamas, considerado um grupo terrorista, renuncie à violência e reconheça a existência de Israel antes de voltar a repassar dinheiro para a região.

O resto da ajuda humanitária recebida pelos palestinos procede dos países árabes, que contribuem com 250 milhões de dólares, e do Japão, com 100 milhões.