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Um olhar sobre o samba da região

Sesc lança websérie que dá vez o voz aos personagens que ditam o ritmo desde os anos 1950

Carolina Helena
Especial para o Diário
Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
27/02/2022 | 00:01
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Pelo segundo ano consecutivo o Carnaval será sem folia. A pandemia que causou mortes em todo o planeta, também silenciou os instrumentos e tirou o brilho das fantasias. Com o vírus na área, o mais sensato é preservar a vida. Não tem desfile e nem bloquinho, mas existe a possibilidade de conhecer a história de quem há tempos dita o ritmo na região. As unidades do Sesc de Santo André e São Caetano estão lançando a websérie O Samba do ABC.

São quatro episódios, cada um com 15 minutos de duração. O primeiro foi lançado na sexta-feira na plataforma Sec Digital (https://sesc.digital/home).

Por meio de depoimentos de personagens representativos das escolas de samba locais, o documentário busca registrar a contribuição artística, cultural e social que as agremiações carnavalescas proporcionam para a manutenção da memória do gênero, fundamentando as relações das comunidades com a ancestralidade africana. O recorte é voltado para o protagonismo negro na construção e evolução das cidades e pretende que as novas gerações conheçam e se identifiquem com essas histórias. O lançamento será pela plataforma do Sesc Digital. 

NO RITMO DA INDÚSTRIA

O grande potencial de criação de empregos, impulsionado pelo constante desenvolvimento no setor industrial, trouxe para o Grande ABC, desde a década de 1950, milhares de pessoas vindas de todos os cantos do País, que ajudaram a incorporar novas características à região. Dentre tantas, várias se sobressaíram e contribuíram para lançar as sementes e criar a história do samba ao redor de Santo André e São Caetano. 

As escolas de samba começaram a se organizar na região no fim da década de 1970. Apesar do embrião carnavalesco nas cidades ter sido fomentado bem antes, foi nesse período que o Carnaval passou a ter uma organização mais robusta. Escolas como a tradicional Ocara, já figuravam em Santo André desde o fim da década de 1960, tendo realizado seu primeiro desfile, ainda como bloco, em 1957. 

Outra agremiação muito importante do município é a Escola de Samba Palmares. Fundada em 1977, com o objetivo de preservação das raízes africanas, surgiu por intermédio do pernambucano e filho de sanfoneiro Luiz Gonzaga Alves, o Marinheiro, que chegou em São Caetano no ano de 1952. O ano de 1958 marcou o desfile da primeira escola de samba da cidade, no bairro Vila Gerty. 

Apesar de haver alguns raríssimos registros do Carnaval de São Caetano, desde a década de 1950, o desfile das escolas de samba só ganhou status de grande evento na cidade nos anos 2000, a partir do surgimento de escolas como a tetracampeã Tradição da Ponte e a Imperatriz do Bairro Nova Gerty, que foi fundada por uma mulher são-caetanense, Rose Calixto, uma das primeiras intérpretes do Carnaval da região. Seguindo a tradição, hoje o microfone é empunhado por Denise de Paula.




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