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Tem alguém que quer desestabilizar a região, diz Marinho

Em recado a Morando, mas sem citar nome, ex-prefeito de S.Bernardo fala que harmonia do Grande ABC estremeceu porque há ‘atuação com fígado’

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
10/02/2021 | 05:19
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Claudinei Plaza/DGABC


Ex-prefeito de São Bernardo e presidente paulista do PT, Luiz Marinho disse que “alguém que trabalha com o fígado” busca atrapalhar a harmonia entre prefeitos do Grande ABC para desestabilizar a região, fragilizando união em busca de projetos para as sete cidades. O petista não citou nomes, mas o recado foi endereçado veladamente ao prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).

Em visita ao Diário, Marinho defendeu o fortalecimento do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, inclusive sugerindo aumento gradativo do orçamento, mas admitiu que, desde 2017, a entidade passa por processo de desconstrução.

“O estremecimento foi tamanho que houve cidades que saíram, e atuamos para reintegrá-las. Agora, novamente, quase houve novas saídas e voltamos a dialogar, ponderar e evitamos isso. É preciso consolidar a gestão harmônica de quem dirige o Consórcio com as cidades, o que sempre foi uma marca do Consórcio”, considerou o petista. “Eu nunca vi uma situação de desarmonia como aconteceu recentemente na região. Isso deve ser alguém que contamina, que trabalha com fígado, que trabalha com fel”, emendou. Indagado sobre quem seria essa figura, tergiversou. “Provavelmente vocês conhecem.”

Foi no mandato de Morando como presidente do Consórcio que o colegiado, fundado em 1990, viveu seu período mais turbulento, a ponto de São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra formalizarem desfiliação da instituição regional. Extraoficialmente, a reclamação era a de que Morando, em vez de adotar visão regional, utilizava o Consórcio como extensão de seu governo em São Bernardo.

“Não se pode ter uma visão medíocre do que é o Consórcio. Um prefeito não pode achar que fortalecer a instituição regional ele perde poder local. Mas o líder não pode se apropriar da instituição. Ele tem de liderar. Ele está presidente, mas não é dono. Não decide plenamente sozinho, como nomeação dos vários cargos”, situou Marinho, que defendeu o aumento do orçamento do Consórcio – hoje, cada prefeitura deposita 0,17% da receita para manter a entidade. “Para ter governança regional é preciso fortalecer o orçamento, trazer previsibilidade.”

O petista reconheceu que agiu para evitar novo êxodo. “Conversei com o (José de) Filippi (PT, Diadema), com o Marcelo (Oliveira, PT, Mauá), com o Clóvis (Volpi, PL, Ribeirão Pires), Claudinho (da Geladeira, Podemos, Rio Grande), Paulinho (Serra, PSDB, Santo André). Sugeri a união. Temos de nos unir com outros consórcios também. Porque, na minha visão, esse governo de João Doria (PSDB) tem descaso com a região.”

Sobre a FUABC (Fundação do ABC), que vive período de turbulência, Marinho disse ter impressão que a mesma figura que atrapalha as relações no Consórcio age para quebrar as pontes entre as prefeituras mantenedoras – Santo André, São Bernardo e São Caetano.

Marinho afirmou que a FUABC precisa passar por “profunda reformulação” para poder oferecer serviço de excelência. “Temos a Faculdade de Medicina, que é o grande diferencial. A FUABC não é uma simples organização social. É preciso reestruturar para tirar alguns vícios construídos ao longo dos anos. Hoje, a Fundação é conhecida e tem um bom serviço, mas abaixo do potencial que tem.”  

‘Mercadante, Suplicy ou Tatto ao Estado’

Presidente do PT no Estado, o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho listou o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante, o ex-senador e atual vereador paulistano Eduardo Suplicy e o ex-deputado e ex-prefeiturável da Capital Jilmar Tatto como nomes do partido para a eleição a governador no ano que vem. 

 Ele incluiu na lista o ex-prefeito e ex-presidenciável Fernando Haddad caso o STF (Supremo Tribunal Federal) devolva os direitos políticos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se Lula quiser concorrer à Presidência da República.

 “Temos o professor Mercadante, mas antes de mais nada precisamos conversar com ele. Ver se ele quer, se está disposto e, a partir daí, projetar a construção. O Mercadante não quis disputar nada em 2018 e em 2014. Mas é um quadro que tem muita qualidade para ser nosso candidato”, citou Marinho.

 Mercadante foi o postulante do petismo ao governo paulista em 2006 e em 2010. Na primeira disputa, perdeu para José Serra (PSDB). Na segunda, para Geraldo Alckmin (PSDB). Em ambas, no primeiro turno.

 “Há um segmento que fala no nome do Suplicy. Tem o Jilmar Tatto. E há chance de eventualmente se lançar uma nova liderança. Em eleições como essas você pode apostar em novas lideranças, projetá-las para o futuro. Estamos abertos nesse processo. Vamos provocar o debate de maneira tranquila dentro do partido para encontrar a melhro estratégia para o PT”, considerou Marinho, que deve ser candidato a deputado federal. 




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