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E assim caminha a televisão
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
02/02/2007 | 18:39
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A TV experimenta a pré-história de suas possibilidades. Hoje, são as redes emissoras que escolhem os programas e os horários em que vão ao ar. Nas próximas décadas, o telespectador comandará a nova mídia que integrará televisão digital e internet de banda larga. Ainda sem nome, esta ‘coisa’ será uma ferramenta cheia de recursos e possibilidades de conteúdo.

A evolução da tecnologia da internet de banda larga e a transmissão de vídeos online foram debatidos em Washington DC (Estados Unidos), na cúpula que reuniu até quarta-feira passada produtores independentes de televisão, brasileiros inclusive, e especialistas de empresas como Google, Cnet, AOL e Media Lab do MIT (Massachussets Institute of Technology).

Em outro encontro semana passada, no IPTV World Forum Latin America, no Rio, o fundador da allTV e presidente da Associação Brasileira de Emissoras de IPTV (TV pela internet), Alberto Luchetti, disse que a TV digital deve demorar 30 anos para cobrir o território brasileiro, mas a internet em banda larga fará o mesmo em dez anos. “A internet vai atropelar a TV digital. A coqueluche deixará de ser a TV e passará a ser a IPTV”, prevê Luchetti, segundo o boletim TelaViva News.

Trocando em miúdos, o modelo atual de televisão está com os dias contados. Arrepiem os cabelos, donos de redes! Arregalem os olhos, internetelespectadores! Uma comparação sobre o que virá tem paralelo no que ocorreu com o rádio AM com a chegada da FM; ou com o rádio de ondas curtas que perdeu sentido com as rádios via internet.

O passivo telespectador nasceu com o advento do aparelho de televisão nos anos 1920; nas próximas décadas,será um ativo programador. Uma experiência pode ser feita hoje em computadores com banda larga e velozes processadores. É possível ver importantes canais de TV norte-americanos, europeus, africanos, asiáticos em transmissões online.

O mundo de graça - Baixados gratuitamente via internet, softwares como o belga MaxTV, os asiáticos SopCast e PPLive, ou Beeline TV dão acesso a mais de 1 mil canais online. Ninguém é obrigado a entender búlgaro ou esloveno,mas é bacana espiar o que os países fazem em televisão. Dá para ver séries de sucesso no Brasil, como 24 Horas, Lost, CSI, e as que ainda não estrearam por aqui, como Heroes.

O que falta resolver é quem bancaria conteúdo de qualidade no futuro e como. Programas de TV são pagos por anunciantes que dispõem de milhões em caixa para bancar produções de alto nível. Os atuais vídeos online, feitos por usuários de internet e com produção caseira, resultam na maioria em toscos exemplos que vão parar no YouTube, o popular site de compartilhamento de vídeos na internet – meio que divulgou as aventuras sexuais da modelo Daniella Ciccarelli em praia espanhola, por exemplo.

Por enquanto, a saída para esses vídeos é o YouTube. Com a TV digital e de alta definição, porém, as possibilidades só aumentam. Os programas das emissoras de TV seriam transmitidos em pacotes, tudo junto – exceto as exibições ao vivo. Ou seja, o telespectador não precisará esperar determinado horário para ver sua novela ou série favoritas, podendo escolher dia e horário. Acabariam as esperas até altas horas para ver minisséries produzidas com texto de melhor qualidade que as novelas. Os primeiros dez anos de vídeo na internet foram só um passo. A banda larga começa a conhecer seu potencial.

Por ora, a tendência sinaliza migração da TV para a internet. O Harris Interactive, instituto norte-americano que pesquisa comportamentos a partir de novas tecnologias, divulgou nesta semana seu recente estudo sobre o YouTube. Conclui que 42% dos adultos ligados na internet nos Estados Unidos assistem a vídeos no YouTube, e 32% deles, menos TV. É um sinal. Outro vem de um dos gigantes da comunicação, o grupo News Corp., que adquiriu 10% da empresa que provê a TV Fox News na internet. Se um líder garante posição online, a tendência é que os demais sigam sua trilha.




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