Esconder os rendimentos da Receita Federal na tentativa de escapar da mordida do Leão e mentir sobre despesas dedutíveis no Imposto de Renda são os principais motivos que deixaram neste ano cerca de 800 mil contribuintes na malha fina – tecnicamente chamada de malha fiscal da Declaração de Ajuste Anual da Pessoa Física.

Geralmente, 50% deste total cai na malha por omitir os rendimentos, ou seja, todas as suas fontes de renda. Em segundo lugar no ranking estão as fraudes em despesas médicas, que representam 20% dos casos. E o restante soma outros itens, entre eles, a divergência entre o que foi declarado pelo contribuinte e pela fonte pagadora, segundo o auditor da Receita Federal de São Paulo Luiz Monteiro.

Ele explica que os contribuintes, muitas vezes, sonegam informações ou as inventam com o intuito de reduzir a base de cálculo – feita pelo rendimento menos as deduções, ou seja, gastos com a previdência privada, dependentes, educação, saúde, entre outros. Dessa maneira, o valor de imposto pago é menor.

Avaliação - De acordo com o auditor, o número de declarações na malha fina deve reduzir gradativamente, uma vez que o sistema da Receita está informatizado atualmente. “Nosso maior aliado é a informatização. Pelo sistema conseguimos cruzar as informações e verificar se são reais ou não. Quem frauda não fica de fora.”

No ano passado, 746 mil restituições ficaram retidas, de um total de 22 milhões de contribuintes, segundo o coor denador nacional do IR, Joaquim Adir. “Com o novo sistema, esperamos fechar o balanço deste ano com um índice menor”, disse.

Cuidados - A pessoa que declara imposto precisa se atentar no momento em que preenche os dados, pois um simples erro ou esquecimento pode levar a declaração para malha fina. “A dica é ter atenção ao preencher o formulário. Além disso, é preciso ter ciência que não vale a pena sonegar rendimentos ou aumentar despesas”, completa Luiz Monteiro.

Como funciona - Após o envio das declarações à Receita Federal, é dado início a fase de processamento eletrônico para identificar erros de preenchimento e inconsistência das informações apresentadas. No caso de apresentar alguma irregularidade na declaração, é necessária a participação do contribuinte, para apresentação de informações e documentos. Por lei, a Receita Federal pode reter a restituição do IR na malha fina por até cinco anos.