Economia Titulo
Crise societária interrompe produção da Shellmar
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
30/07/2005 | 08:21
Compartilhar notícia


Sem dinheiro para comprar matéria-prima e pagar os salários atrasados, a Shellmar, de São Bernardo, suspendeu pela segunda vez este ano a produção de embalagens flexíveis para o ramo de alimentação. A interrupção ocorreu em razão do agravamento da crise na empresa, gerada por problemas societários. A companhia também pediu concordata porque não tem como pagar seus fornecedores.

A interrupção na produção ocorreu há 15 dias, quando começou a faltar insumos para a produção, explicou o presidente do Sindicato dos Gráficos do ABC (vinculado à CUT), Isaías Karrara. Com a medida, 260 funcionários que atuam na área produtiva estão sem trabalhar desde então. A empresa conta hoje com 300 empregados.

Segundo Karrara, a expectativa é de que as atividades sejam retomadas na próxima semana, quando está prevista uma injeção de dinheiro por parte de um grupo de investidores no ramo de embalagens para tentar reerguer a empresa. No entanto, o sindicalista não soube informar quem são esses empresários. O sócio-proprietário que administra a Shellmar, Celso Alves, se recusou a falar sobre o assunto ao Diário.

A nova paralisação é mais um capítulo da novela que se tornou a crise na Shellmar, iniciada no final do ano passado com a briga entre os sócios da empresa. Pouco tempo depois, a fábrica já havia parado de produzir por 14 dias, em janeiro último, pelo não-pagamento das contas pelo fornecimento de energia elétrica.

Além das interrupções na produção, o problema societário também acarretou em queda de clientes e, conseqüentemente, em queda do faturamento, a ponto de afetar a aquisição de materiais para a produção e o pagamento regular de salários. Os funcionários ainda não receberam metade do vencimento de junho e o salário de julho, informou Karrara.

Esse cenário provocou ainda uma demissão de 210 trabalhadores da empresa, que antes da crise contava com 628 empregados. Apesar do corte, a companhia não pagou os direitos rescisórios.

Karrara adiantou que o investimento previsto na Shellmar deverá ser suficiente para atingir uma produção mensal de 200 toneladas mensais. Ou seja, 25% da capacidade da fábrica, que é de 800 toneladas por mês.

"É óbvio que a empresa vai demorar um certo tempo para atingir o patamar máximo, mas a produção deverá ser retomada a longo prazo", acredita o sindicalista. Quanto à questão da concordata, Karrara destacou que a Justiça pediu para a Shellmar apresentar um plano de reestruturação da companhia.

Ele disse ainda que a situação também piorou com a saída de um dos sócios da Shellmar, que montou uma outra fábrica e passou ser concorrente.

Dívidas - Os ex-funcionários reclamam que deixaram a fábrica sem receber as rescisões trabalhistas a que tinham direito. Muitos deles precisaram pedir a ajuda da família para sobreviver.

Este foi o caso de um operário que se identificou como Jurandir. Suas contas estão atrasadas e precisou apertar o orçamento de sua família para garantir o sustento de todos. "Se não fosse o auxílio de familiares, eu não sei como seria. Talvez estaria numa situação muito pior do que estou hoje. Eu só garanto mesmo o leite do meu filho."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;