Nacional Titulo Vazamento
Morador recebe água contaminada na zona norte de SP
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27/04/2015 | 05:49
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Foi durante o banho que o servente Adaílson da Silva, de 21 anos, percebeu que havia algo errado com a água. "Subiu um mau cheiro insuportável", disse. O pedreiro Vanduir Pereira de Lima, de 44, viu a cor amarronzada logo que abriu a torneira para encher o balde. Já a cabeleireira Patrícia de Souza, de 32 anos, e a filha de 6 não tiveram tanta sorte e só sentiram o dano após ingerir o líquido. "No mesmo dia já fiquei com cólica e diarreia e minha filha ficou internada com infecção intestinal", conta a mulher.

Há uma semana, moradores de ao menos cinco ruas no Jardim Paulistano, bairro no extremo da zona norte da capital, próximo da Serra da Cantareira, recebem em casa uma água escurecida e com cheiro de esgoto da rede da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Segundo os relatos, o problema ocorre sempre momentos antes dos cortes no abastecimento feitos pela empresa, à tarde, e assim que a água volta, pela manhã. O jornal O Estado de S. Paulo constatou a má qualidade da água no local na tarde da última sexta-feira.

"O técnico da Sabesp veio aqui, analisou a água, andou pela rua e disse que há uma contaminação por vazamento em uma rede de esgoto próxima da rede de água", disse a moradora Marli Bastos da Silva, de 52 anos, estudante de Pedagogia. Ela contou ter ouvido do funcionário da companhia que a infiltração ocorria por causa da baixa pressão da água na rede. "Isso sempre acontece quando a pressão da água cai", disse o zelador Belmiro José Nascimento, de 60 anos.

O Jardim Paulistano é um dos bairros da zona norte da capital abastecidos pelo Sistema Cantareira, principal manancial paulista que desde 2014 sofre com a pior estiagem de sua história. No início do ano, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, admitiu que a região é a mais afetada pela redução da pressão nas tubulações, uma das manobras de racionamento feitas pela companhia para economizar água. Onde não há válvulas redutoras de pressão (55% da Grande São Paulo), os técnicos da empresa fecham o registro manualmente nas ruas.

Em fevereiro, um dirigente da Sabesp admitiu ao Estado que as manobras podem deixar trechos da rede de distribuição, principalmente em pontos mais altos e afastados, despressurizados. Desta forma, um líquido presente no lençol freático poderia infiltrar na rede por alguma rachadura e contaminar a água. Em depoimento na CPI da Câmara Municipal naquele mês, Massato disse que esse risco só poderia acontecer em caso de rodízio de água, quando o abastecimento é cortado por dias.

No mês passado, veio a público o primeiro caso confirmado pela Sabesp de contaminação de água. Segundo o presidente da companhia, Jerson Kelman, 26 casas no bairro do Maa´Boi Mirim, extremo da zona sul paulistana, receberam água poluída. "É um acidente lamentável. Isso tem de ser evitado, mas aconteceu. Fomos lá e remediamos", disse, sem revelar o motivo da contaminação.

Assim como aconteceu no M´Boi Mirim, os moradores do Jardim Paulistano foram orientados por técnicos da Sabesp a dispensar toda a água estocada em casa e a lavar as caixas d?água. "Tivemos de jogar tudo fora e comprar água mineral. É prejuízo dobrado, porque essa água da Sabesp será cobrada", disse o pedreiro Vanduir de Lima, que mora na Rua do Mutirão. As outras casas afetadas ficam nas ruas União, Nicarágua, Santo Dias e Estrela D?Alva. "Tem muita gente com diarreia, coceira na pele, dores abdominais e vômitos", afirmou a vizinha Marli.

Amostras colhidas

Procurada na última sexta-feira, a Sabesp não revelou o motivo da contaminação da água no bairro. Em nota, informou que técnicos da companhia "colheram amostras e, após análise, caso seja confirmada qualquer alteração na qualidade da água, a Sabesp vai continuar atuando prontamente para eliminar causas e realizar os procedimentos de limpeza na rede".

A empresa informou ainda que uma equipe fez inspeções nas redes de coleta de esgoto e distribuição de água do bairro e visitou os imóveis onde há queixas de contaminação. "A Sabesp fará o abatimento correspondente à quantidade utilizada de água para eventuais limpezas realizadas nas caixas d?água", concluiu.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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