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Grávida que sumiu diz ter sido internada à força em clínica

Flávia Birches garante não ter nenhum tipo de doença que justifique a medida, adotada pelos pais da jovem moradora de São Bernardo

Por Renato Cunha
Especial para o Diário
22/02/2015 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


A jovem Flávia Birches Alves Santana, 23 anos, que sumiu no dia 7 de novembro em São Bernardo, diz ter passado os dias internada à força na Clínica Maia, local de repouso e recuperação para pacientes psiquiátricos e dependentes químicos em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo.

Segundo a jovem, que conversou com a equipe do Diário na sexta-feira, os responsáveis pela internação compulsória foram seus pais, Jackson Alves Santana e Dalva Birches Alves. A alegação, conforme Flávia, seria de que ela tem problemas mentais e é dependente química. A moça, que está grávida, nega. “Nunca usei drogas e também tenho minha sanidade mental preservada, o que foi comprovado em exames na própria clínica. Mesmo assim me disseram que só poderia sair com autorização dos meus pais. A única coisa que deu positivo foi o exame de gravidez.”

Segundo a gestante, os pais não aceitavam a gestação nem o namoro com Etevaldo Vendramini Junior, 23 anos, e por isso a teriam internado. “Mesmo depois de ter dado positivo o exame de gravidez, continuaram dizendo que isso era coisa da minha cabeça.”

Ela conta ainda que, no dia em que sumiu, teria sido empurrada à força para dentro de uma ambulância quando saia do trabalho. “Na esquina tinha uma ambulância parada e disseram que eu precisava que ir com eles. Meu pai me puxou pelo braço e me jogou no veículo. Depois, ele e minha mãe foram me seguindo de carro até a clínica. Fiquei desesperada, os enfermeiros me mandavam ficar quieta, se não iriam me sedar.”

Houve momentos em que Flávia teve medo. “Certo dia, me deram um pacote de chocolates, disseram para comer escondido. Comi um pouco e a pessoa ficou insistindo para que comesse o restante. Achei aquilo muito estranho”, conta.

Questionada sobre a gravidez, ela se emociona. “Achei que tinha perdido meu filho. Só fiquei tranquila quando fizeram um novo exame e deu positivo.”

O companheiro de Flávia acionou o pai, Etevaldo Vendramini, que é advogado, para interceder no caso após a constatação de que a jovem estava na clínica de maneira ilegal. Foi solicitado habeas corpus, concedido no dia 21 de novembro. “Fomos até a clínica com o documento e, mesmo assim, custaram a liberá-la, mas, graças a Deus, conseguimos.”

Até o fechamento desta edição, os pais de Flávia não haviam atendido aos telefonemas do Diário. Já a Clínica Maia disse não poder se manifestar sobre o caso por se tratar de sigilo de tratamento. Após o ocorrido, Flávia luta para manter os pais a distância de, no mínimo, 500 metros. “Só quero ter meu filho em paz.” 




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